11 de outubro de 2006
O inglês Neil Jordan é bastante raso em suas intenções de aterrorizar o espectador em Abismo do medo (The descent; 2005); os apaixonados pelo gênero terão tudo de que necessitam para sua curtição cinematográfica, cortes bruscos seguidos de situações repentinas, jorros de sangue, personagens em perigo diante da ameaça de seres terríveis. Antes de mais nada, Abismo do medo é filmado com uma certa displicência formal: repete interminavelmente seus truques e seus clichês, até o ponto de atingir uma narrativa tediosa.
Uma das curiosidades da realização britânica é valer-se exclusivamente de personagens femininas. Neste aspecto Marshall elabora os gritos de horror a partir desta atitude apavorada e nervosa (mais que os homens, geralmente) que as mulheres têm; de certa maneira isto fornece um diferencial estético ao filme, assim como a maneira inglesa de dirigir faz o filme escapar um pouco ao cotidiano de horror made in U.S.A.
A utilização do cenário da caverna como um labirinto perdido e de pesadelo é explorada sem grande brilho ou invenção por Marshall. Para completar o desastre, o grupo de atrizes tem poucos recursos interpretativos: elegem, meio sem jeito, o sistema colegial de atuar, e exageram num certo barroquismo fora de tom.
Porém, Abismo do medo tem seus defensores, especialmente entre os amantes do terror e do sangue em cinema, independente do grau de criatividade de um cineasta. Marshall não me parece que tenha a virulência criativa de Rob Zombie nem a capacidade de organizar clichês de Alejandro Aja.
Por
Eron Fagundes