26 de março de 2007
Robert De Niro, em O bom pastor (The good shepherd; 2006), pasteuriza inteiramente aqueles padrões clássicos da narrativa cinematográfica americana; o ritmo vagaroso de narrar concebido por De Niro à imitação dos grandes cineastas que ele admira aparece arrastado, sem andamento em O bom pastor. Certas características de iluminação e encenação remetem a O último magnata (1976), de Elia Kazan, onde De Niro teve um de seus grandes desempenhos no cinema. A trama internacional urdida faz despencar no espectador saudade de clássicos como A conversação (1974), de Francis Ford Coppola, e Os três dias do Condor (1975), de Sidney Pollack; De Niro é ambicioso em seu retrato de um espião americano na época da Guerra Fria, mas falta-lhe o domínio e a clareza de Coppola e Pollack em seus melhores dias: O bom pastor perde-se seguidamente em sua excessiva metragem, torna-se confuso e às vezes pedante em suas intenções críticas.
Como todo diretor que ama o padrão clássico de filmar, De Niro é aferrado ao star system: cerca-se de estrelas, que incluem a ele mesmo, o diretor, Matt Damon no papel central, Angelina Jolie, Alec Baldwin, John Turturro, William Hurt, Joe Pesci e outros. Lá pelo final do filme a personagem de Damon pergunta à de Angelina: “Como foi o vôo?” Angelina diz: “Muito longo.” É como o observador se sente um pouco diante de O bom pastor.
Por
Eron Fagundes