QUANDO O INTELECTUALISMO DÁ ERRADO
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12 de abril de 2004

Em O buquê (C’est le bouquet; 2003) as personagens conversam o tempo inteiro, digladiando-se sentimentalmente. De envolta com as questões sentimentais, surgem referências intelectuais de natureza livresca: pela boca das criaturas em cena desfilam os nomes e os conceitos de Pascal, La Fontaine, Kant; juntamente com estas citações as imagens mostram alguns livros, como um de Kant que trata de Lógica. Há a busca do humor inteligente e uma certa beleza plástica que não abdica do rigor formal. Sim, meu caro leitor-espectador: estamos falando de um típico filme francês.

Sem a profundidade e o senso de cinema da alma de um Eric Rohmer, a realizadora Jeanne Labrune não logra sucesso em sua película, que se vai revelando arrastada e monótona, desestruturada e dispersiva, colocando mais uma anedota onde poderia haver uma ironia refinada.

Apesar de tudo concorrer para que o empreendimento cinematográfico dê certo (bom roteiro, atores ajustados, rigor de composição e montagem), a coisa deu errada. Faltou a mão da direção: narrativa sempre fora do lugar e de tom.

Por Eron Fagundes