O ABANDONO NA SERRA
 

 

16 de junho de 2007

A serra de Caparaó, uma daquelas misteriosas baixadas perdidas do interior de Minas Gerais que encantava o viajante por seu coeficiente de mistério natural, é o cenário político para Caparaó (2007), despojadíssimo e seco documentário do brasileiro Flávio Federico que se volta para o tema da guerrilha no Brasil ditatorial da década de 60. Se Hércules 56 (2006), de Silvio Da-Rin, usava de uma certa criatividade ao investigar as motivações dos guerrilheiros, Caparaó insere-se numa certa monotonia fiando-se que a urgência do assunto possa conquistar o espectador.

É uma pena que Federico desperdice a oportunidade de narra mais uma forte aventura de brasileiros (então muito jovens) na selva militarista brasileira dos anos 60. Sabe-se que o projeto inicial do cineasta era um embrenhar-se naturalista por algumas serras nacionais. Este problema se evidencia na frieza e no quase desinteresse de filmar da realização. Um documentário meio cru e aborrecido. Os depoimentos podem ser curiosos (o gaúcho Flávio Tavares, presente em Hércules 56, volta a figurar nas entrevistas), mas a precariedade da realização os põe a perder.

Por Eron Fagundes

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