A INQUIETUDE DE MIYASAKI
 

 

 
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Atualizado conforme o bom humor do Editor-chefe

23 de agosto de 2005

 

 

 

 

O cineasta japonês Hayao Miyasaki tem o domínio absoluto da animação cinematográfica e estabelece relações estéticas complexas em suas narrativas animadas. É o que transparece esplendorosamente em seu novo filme, O castelo animado (Hauru no ugoku shiro; 2004), onde o rigor estilístico e filosófico de seu trabalho anteriormente visto por aqui, A viagem de Chihiro (2001), é novamente encontrado.

A profundidade onírica de Miyasaki é um dado que sempre deslumbra. Assim como os peculiares caminhos plásticos de que o realizador nipônico se vale para expor este onirismo profundo, milenar mesmo.

O castelo animado tem os ingredientes de um conto de fadas: narrado, é claro, com o ritmo lento, pausado, muito virgulado dos orientais. O gosto pela fantasia, bruxarias e feitiços, percalços perigosos para os heróis: tudo é extraído da tradição dos contos de fadas. E até o impossível fim feliz, com uma composição em que até a personagem má se contenta, está em cena. Ocorre que Miyasaki subverte o gênero: inclusive o desfecho cheio de felicidade é subversivamente exultante. São os momentos plásticos que fazem de O castelo animado uma obra de exceção.

Menos sombrio que A viagem de Chihiro e com alguma concessão dentro dos elaborados efeitos plásticos para conquistar o público habitual dos cinemas ocidentais, O castelo animado é mesmo assim um dos mais belos filmes da atual temporada cinematográfica, cuja pobreza ainda e sempre se lamenta.

 

Por Eron Fagundes

Por Eron Fagundes

 

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