19
de julho de
2004
O primeiro
grande trunfo de Cinegibi, o filme: turma da Mônica (2004),
produção de Maurício de Sousa dirigida por
José Márcio Nicolosi, é a inteligência
da armação de seu roteiro; costurado em cinco episódios
(Em busca do nariz de Isabelle, Concurso de beleza, Um amor dentuço,
O caça Sansão, Irmão Cascão), um
pouco à maneira de certas realizações italianas
que vêm desde o neo-realismo e chegaram às comédias
dos anos 60 e 70, a narrativa nunca se dispersa, se fragmenta,
mantendo uma surpreendente unidade de filmar. Até o uso
de gente famosa para aparecer no topo de cada “conto cinematográfico” (o
apresentador televisivo Luciano Hulk, a cantora Vanessa Camargo,
a modelo Fernanda Lima, os cantores Pedro e Thiago, o próprio
criador da Mônica Maurício de Sousa brincando com
sua paixão por teatrinho de sombras), uso de evidentes
intenções comerciais, não impede que Cinegibi conserve uma esperta inteireza fílmica.
Na
verdade, a obra de Nicolosi e Maurício é também
uma homenagem à paixão pelo cinema. A turma
da Mônica a cada fragmento é vista, juntamente com
muitas crianças, sentada em poltronas para ver a nova
história de gibi a ser introduzida numa estranha máquina
de projetar. Bem dialogado, impondo os sentimentos com delicadeza,
Cinegibi é algo que eu preferiria recomendar às
crianças brasileiras a vê-las debruçarem-se
sobre estrangeirismos como Homem-Aranha 2 ou Shrek
2. Um pouco
uma questão de resistência cultural. Por Eron Fagundes
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