08
de agosto de 2005
À maneira
da melhor tradição do cinema francês, Clean (Clean; 2004), dirigido por Olivier Assayas, libera uma contida
e estudada emoção para se aproximar do espectador.
Com uma geografia itinerante que vaga pelo Canadá, pela
França e pela Inglaterra, esta realização
anglo-francesa esmiúça os conflitos perversos de
modernidade duma mulher chinesa que perdeu seu companheiro depois
duma sobrecarga de drogas; ele era um cantor de rock em decadência
e ela sobrevive a duras penas no mundo árido e perigoso
que herdou dele; mas há um pequeno filho, criado pelos
avós, e será este filho, por cuja guarda ela luta
apesar das aparências, quem lhe servirá de luz para
recomeçar.
Assayas
retrata com a habitual sutileza herdada dos mestres cinematográficos
gauleses as personagens esboçadas pelo roteiro. Amargo
aqui, compassivo ali, entre apiedado e distanciado, Clean é um
oásis na programação de rotina dos cinemas.
Cabe ressaltar a hábil direção de atores
de Assayas, que extrai da chinesa Maggie Cheung um desempenho
duma lucidez e empatia espantosas e revela que Nick Nolte (na
pele do avô) se converteu de antigo canastrão de
películas hollywoodianas num intérprete considerável.
Por Eron Fagundes
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