A DIVINDADE NO CINEMA BRASILEIRO
 

 

28 de abril de 2008

A narrativa cinematográfica amorfa de Deus é brasileiro (2003), de Carlos Diegues, põe a perder a singeleza cômica da história originalmente escrita pelo ficcionista baiano João Ubaldo Ribeiro. Diegues é certamente um de nossos mais importantes realizadores e sua busca fílmica sempre esteve voltada para o olhar do povo brasileiro. Mas Deus é brasileiro é um de seus trabalhos mais superficiais e rasteiros; ao materializar na figura meio debochada de Antonio Fagundes a idéia de um deus brasileiro, leve e fácil, Diegues não vai além duma ilustração sem vigor.

Cheio de vazios narrativos, o novo filme de Diegues não logra sustentar-se sequer pela força das interpretações, pois o elenco está todo numa caricatura desfuncional. Não sobra grandes sentidos para se examinar Deus é brasileiro como uma visão do atual momento nacional; se o próprio diretor quis ver em sua realização uma antecipação do momento de esperança de que se cerca o país com a ascensão do Partido do Trabalhadores ao poder, a verdade é que a presença da divindade no cinema brasileiro está longe de ser divina em Deus é brasileiro.

-- Deus é brasileiro, de Carlos Diegues. 115 minutos. Elenco: Antonio Fagundes, Paloma Duarte, Hugo Carvana, Stepan Necessian, Wagner Moura. Ano de produção: 2003. Nacionalidade: Brasil. Sala em que foi visto: Center. Cotação: Fraco.

Por Eron Fagundes

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