NADA DE NOVO
COM EASTWOOD
O ator e diretor
norte-americano Clint Eastwood é um mito do cinema de Hollywood. Como diretor,
todavia, ele não tem ido muito longe: faz narrativas digeríveis mas sem grande
inspiração, sem o vôo que possa caracterizá-lo como um autor de cinema, assim
quereriam seus mais ferrenhos defensores. São fitas fáceis de ver, porém igualmente
fáceis de esquecer.
Dívida de sangue (Blood
work; 2002), ao enveredar pelos caminhos do policial mais óbvio, estigmatiza-se
como um dos mais fracos trabalhos dirigidos por Eastwood, que em sua obra anteriormente
exibida por aqui, Cowboys do espaço (2000), ainda conservava um certo
charme que vinha da excelência dos atores que contracenavam com o ator-diretor.
É surpreendente como o veterano
Eastwood logo perde o pique de seu policial. A história a ser investigada está
resolvida quase desde o início e as ações da personagem se arrastam tediosamente;
as soluções encontradas são demasiadamente superficiais e a caracterização do
vilão vivido por Jeff Daniels é bastante ridícula. É certo que Eastwood é um
bom ator e sua característica e envelhecida voz rouca chama a atenção do observador.
Mas é uma gota muito pequena de interesse para salvar Dívida de sangue
de sua absurda mediocridade.
Pode dizer-se que Clint Eastwood
dirige Dívida de sangue como um cineasta aposentado que quer livrar-se
logo de sua empreitada: suas mãos de diretor parecem entediadas.
Por Eron Duarte
Fagundes