05
de janeiro de 2006
Aparentemente,
O elo perdido (Man to man; 2004), rodado pelo francês
Régis Warhnier, se propõe ao espectador
como uma crítica ao cientificismo racista do
século XIX francês. Ao colocar como centro
da consciência narrativa a personagem do cientista
humanista vivido por Joseph Fiennes, a realização
de Wargnier se estrutura aparentemente em torno desta
idéia fácil e ligeira. Mas é só aparência:
no fundo, bem no fundo, O elo perdido é um rebento
do prepotente racismo colonialista gaulês, tão
secular quando pouco humanista.
Esta
leitura meio enviesada que se pode fazer da narrativa
nasce do exotismo com que a visão de Wargnier
se dispara para os pobres pigmeus que só existem
mesmo para as nobres experiências civilizadas;
o casal de espécimes excêntrico que de
carta maneira conduz a trama é antes de qualquer
coisa um evento de circo, assim como os expõe
O elo perdido.
Mais
uma fita para a vala comum dos filmes por esquecer,
O elo perdido é tão inútil
quanto pretensioso.
Por
Eron Fagundes