09
de fevereiro de 2004
Encontros
e desencontros (Lost in translation; 2003), o segundo filme dirigido
por Sofia Coppola, busca sua estranheza de intenções
ao acompanhar os caminhos que se cruzam de um cinqüentão
que está no Japão para atuar em comerciais e de
uma garota de vinte anos que ali veio em virtude da atividade
profissional de seu jovem esposo; numa Tóquio que lhes
parece incomunicável, as personagens aproveitam seus encontros
para preencher certos vazios interiores, certas ausências
de perspectivas pessoais.
Apesar
de seu rigor formal e da sinceridade que emana das situações
(Sofia ter-se-ia inspirado em sua própria crise de vinte
anos para escrever o roteiro do filme), a cineasta não
reedita a inquietação de As virgens suicidas (1999),
sua obra de estréia. A narrativa de Sofia tem no desempenho
de Bill Murray seu correspondente perfeito: tudo é muito
apático, sem sangue, não adianta o risível
diretor japonês de comerciais exigir intensidade interpretativo,
de Bill só sai aquela cara de bobo para americano ver.
A cusiosa Scarlett Johansson igualmente não salva sua
criatura dos clichês impostos pela indústria.
É
pena que Sofia resvale. Tecnicamente ela é, como seu pai,
Francis Ford Coppola, uma boa diretora.
Por Eron Fagundes
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