PIEGUICE COM A MISÉRIA NA INFÂNCIA
 

 

30 de julho de 2007

A aparência formal de Esses moços (2007), filme brasileiro de José Araripe Júnior, parece uma destas engessadas e precárias telesséries infanto-juvenis onde o nível de vida dramática e de reflexão baixa perto de zero. A narrativa mofada, carente de seiva só não é mais complicada de acompanhar porque o realizador teve —ao menos isto!— o bom senso de adotar uma metragem reduzida para os padrões atuais, 84 minutos; mas isto não significa nenhum poder de síntese, ao contrário as seqüências se alongam demais e os liames da montagem são muitas vezes difusos e fora de tempo. Os intérpretes, pobrezinhos, são muitos ruins.

Metendo duas meninas de rua do interior baiano na agressividade citadina de Salvador, Araripe Jr. apela, e muito mal, para a pieguice em sua (inexistente) visão da miséria na infância. É uma pena que, chupando o título duma canção clássica do gaúcho Lupicínio Rodrigues (regravada para o final do filme pelo baiano Gilberto Gil), o cineasta tenha ido tão longe em sua ausência de propósitos e de rumos nesta obra desarticulada, incauta e insossa. Esses moços é uma autêntica falta do que dizer em matéria de cinema.

Por Eron Fagundes

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