AMOR DE IRMÃOS
 

 

28 de abril de 2008

A família Savage (The Savages; 2007), filme norte-americano de Tamara Jenkins, está muito longe de ser uma narrativa que use com clareza, transparência e ritmo os ambiciosos elementos críticos de que dispõe. Sem embargo de contar com um dueto interpretativo capaz de sustentar o interesse mínimo da realização (Laura Linney, vista no mordaz A lula e a baleia, 2005, de Noah Baumbach, e Philip Seymour Hoffman, celebrizado por sua caracterização como o escritor Truman Capote em Capote, 2005, de Bennet Miller), o filme é seguidamente dispersivo e aqui e ali arrastado em suas opções fílmicas; talvez problemas de uma montagem rançosa e convencional.

O filme se debruça sobre o relacionamento entre dois irmãos (um homem e uma mulher) à luz das preocupações trazidas pelo velho pai demente para quem devem achar um asilo digno, embora as lembranças da infância dos dois não sejam lisonjeiras para o velho, na velhice ainda mais bruto. Um certo sentimentalismo perpassa a visão da realizadora sobre suas duas personagens centrais. A cineasta confere pose intelectual a seus dois fracassados seres. Ela é uma dramaturga cujas peças nunca foram encenadas. Ele é um professor que está há anos compondo um livro sobre o dramaturgo alemão Bertold Brecht. Os relacionamentos afetivos com o sexo oposto dos dois irmãos são igualmente pedaços de vida frustrantes, querendo insinuar-se como reflexo duma infância sem afeição. Estas situações no filme são um tanto superficiais e estereotipadas.

A família Savage é um filme de erros emocionais onde o próprio filme tem marcações erradas.

Por Eron Fagundes

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