18
de julho de 2005
Há lugar
para todos no mundo do cinema. E o cineasta norte-americano Steven
Spielberg nunca teve problemas para encontrar o seu luxuoso canto
cinematográfico. Em seu novo filme, Guerra dos
mundos (War of the worlds; 2005) o realizador capricha num tópico
em que Hollywood é imbatível: confiar serenamente
na imbecilidade do espectador. Jamais Spielberg expeliu tanto
excremento audiovisual quanto nesta pomposa superprodução
que, segundo uma obviedade simbólica, seria uma alegoria
dos ataques terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro
de 2001 (curiosa coincidência, nesta quinta-feira de 07
de julho de 2005 em que fui ver o filme de Spielberg, outra metrópole
do mundo, Londres, é atacada em seus transportes subterrâneos
por fanáticos árabes); voltando à vaca fria,
que é o que interessa agora a este comentarista de cinema,
o desenho de personagens da fita de Spielberg é absolutamente
ridículo e a grossa pancadaria de efeitos especiais é algo
constrangedor para quem se dispuser a usar um conceito mínimo
de pensamento. Eu nunca participei da idolatria a Spielberg,
que me parece um artesão levado à condição
de autor por um destes disparates da indústria; estive
longe de me emocionar com E.T. (1982) ou agarrar-me nas poltronas
com Os caçadores da arca perdida (1981); mas agora, em
Guerra dos mundos, ele se supera: todos os cacos de seu cinema
aparecem rachados, como os cenários atingidos pelos alienígenas
em seu filme.
Lidando
com os sentimentos primários do indivíduo
que vai ao cinema sem grandes inquietações, Spielberg
exercita um cinema de estrelas. O estrelismo do diretor que exacerba
na paranóia visual. O estrelismo dos atores, Tom Cruise
e Tim Robbins influenciando com seus maneirismos a pequena Dakota
Fanning.
Finalmente
o milionário cineasta construiu, no interior
de sua “mansão cinematográfica”, uma
privada de luxo. Esta privada é Guerra dos mundos, um
exemplo máximo de como Hollywood, quando quer, defeca
sem pudores na cabeça do espectador.
Por Eron Fagundes
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