A MÚSICA FÁCIL DO PÚBLICO
 

 

10 de outubro de 2007

Hairspray —em busca da fama (Hairspray; 2007), musical cinematográfico dirigido pelo norte-americano Adam Shankman, vai fundo em sua apelação para a comunicabilidade com o público. As características digestivas da realização são exacerbadas; o ritmo de cinema comercial com dança e canto e música está nas alturas. Mas é bem uma amostra das debilidades do musical contemporâneo de Hollywood, extremamente longe do fascinante apogeu outrora atingido. A diversão e o riso existem, é certo, mas visam a um entretenimento fácil, precário; podemos dar algumas boas risadas, mas estamos afundados no trivial comércio das imagens.

É verdade que o musical de Shankman busca a simpatia das contestações políticas dos anos 60, a década de mudanças, a década das igualdades (viva os negros, os gordos, as mulheres, os desprezados pelo espetáculo visível), mas isto não ajuda o filme a fugir de seu inevitável escapismo sublinhado por suas próprias precariedades como realização.

John Travolta, interpretando uma mulher gorda e completamente alterado em cena, tenta reviver seus anos de bailarino cinematográfico popular; como naqueles anos dos embalos noturnos de sábado, Travolta exibe sua canastrice e seus desajeitados passos. Michelle Pfeiffer e Christopher Walken vivem burocraticamente seus papéis. Nikki Blonsky, que faz sua estréia na tela ao interpretar a jovem gordinha sonhadora e rebelde, é uma surpresa, em energia e humor dançado, mas, domado pelos compromissos comerciais da produção, não leva muito adiante as possibilidades de sua personagem.

Hairspray é para ser visto, curtido e esquecido por qualquer público que dele se aproxime.

Por Eron Fagundes

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