21
de junho de
2004
A questão é muito
antiga: todo cineasta (seja ele europeu ou latino-americano ou
talvez qualquer outra nacionalidade) sonha com fazer sucesso
em Hollywood. Se um autor consagrado como o alemão Fritz
Lang emigrou do expressionismo germânico para os louros
das produções americanas em determinada fase de
sua filmografia, imaginemos o que não ocorre com realizadores
mais obscuros, ansiosos de reconhecimento do público.
O
mexicano Alfonso Cuarón rodou em 1998, nos Estados Unidos,
Grandes esperanças, que era uma adaptação
obtusa do romance do escritor inglês Charles Dickens. Depois,
em 2001, ele se sairia melhor em sua terra natal, uma nervosa
e rangente narrativa sobre criaturas desiludidas em E
sua mãe
também.
Agora
Cuarón volta à meca do cinema para filmar
Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (Harry Potter and the
prisioner of Azkaban; 2004), o terceiro segmento da série
de filmes extraída dos livros da diretora britânica
J.K. Rowling. Se nas duas produções anteriores
o diretor Chris Columbus acentuava exclusivamente as características
aventurescas da literatura de Rowling, acelerando o ritmo cinematográfico,
o cineasta mexicano, sem perder de vista o entretenimento, quer
utilizar as ingenuidades do roteiro para expor as perplexidades
da adolescência encarnada por Harry Potter e sua amiga
Hermione especialmente. Todavia, fica difícil aceitar
a forma grosseira com que cenas de magia (aquelas do início,
com Harry, feito empregado, usando seus poderes para vingar-se
da família que o humilha –a tia que engorda rapidamente
na seqüência e alça vôo sob o pensamento
de nosso bruxo—são de dar dó) são
inseridas na narrativa.
Tendo
dividido seus admiradores entre os que o consideram o melhor
dos três filmes de Harry Potter e outros que o julgam uma
repetição enfadonha dos espetáculos anteriores,
esta realização de Cuarón dá bem
a medida das indecisões de alguns cineastas importantes
de hoje, perdidos entre a diversão fútil e algumas
forçadas intenções críticas.
Por Eron Fagundes
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