A BABAQUICE AMERICANA
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16 de maio de 2005

Apesar de sua constante busca de excentricidade e de elogios de certos setores de espectadores que se deixaram iludir por suas pretensas e superficiais novidades, o filme Hora de voltar (Garden State; 2004), dirigido pelo jovem cineasta Zach Braff (que interpreta a patética personagem central desta irregular narrativa), não engata muito bem as marchas cinematográficas que propõe. Seu humor absurdo e perverso nunca chega a convencer plenamente; e a trajetória bastante deprimida de sua criatura carece de profundidade.

Os problemas básicos da realização são uma linguagem quadradona e uma noção equivocada do que seja inovar em cinema. Para salvar comercialmente sua fita, Braff alia ao retrato demencial de seu protagonista um tosco caso de amor com a garota vivida meio desmioladamente (talvez adequadamente) por Natalie Portman. Entre as curiosidades subterrâneas da produção está a presença do experiente ator Ian Holm, que faz o conflituado pai do ser criado por Braff e já fora antes um pai cheio de culpa na obra-prima O doce amanhã (1997), rodada pelo canadense Athom Egoyan.

Pretensioso, é verdade, Hora de voltar se perde bastante nas diretrizes de filosofia cinematográfica que almeja, chegando até a uma enviesada citação do livro Admirável mundo novo, do inglês Aldous Huxley, cujo sobrenome é trocado pela personagem citadora. Mas Braff é jovem, inteligente e esforçado; e deve aprender para melhor realizar seus próximos filmes.

Por Eron Fagundes