08
de dezembro de 2003
Apesar
das aparências, O júri (Runaway jury; 2003), de
Gary Fleder, é um filme falso e enganoso. Investindo contra
a liberalidade do uso de armas nos Estados Unidos (uma questão
que, após os atentados terroristas árabes de 11
de setembro de 2001, se tornou premência nacional) e a
inevitável corrupção da Justiça americana,
o realizador Fleder reuniu atores de expressão (os veteranos
Dustin Hoffman e Gene Hackman, o mais jovem John Cusack e a bela
e enigmática Rachel Weisz) para, à maneira de uma
certa Hollywood, desconversar sobre o perigoso tema que aborda.
Feito
com as armas formais da indústria de filmar ianque,
O júri não aborrece porque contém os ingredientes
dentro dos quais o público foi educado. Sem embargo de
apresentar alguma confusa ingenuidade ao expor a infiltração
dum jurado que, com o auxílio externo de sua namorada,
decide vender o veredito do júri a um lado ou a outro
(os fabricantes de armas e a viúva de um dos assassinados
por um psicopata dentro dum escritório), O júri não deixa de funcionar como espetáculo. Mas o problema
surge quando o observador tem de adjetivar este espetáculo,
certamente falso e enganoso.
Por Eron Fagundes
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