2
de setembro de 2003
Não
há dúvida de que Lara Croft: a origem da vida (Lara
Croft Tomb Raider – the crade or the life; 2003),
de Jan De Bont, o segundo filme que traz a heroína beiçuda
e brava interpretada por Angelina Jolie com o desembaraço
do ridículo necessário à sua personagem,
é uma aventurinha rasteira, feita para preencher o entretenimento
do vazio do publico contemporâneo. A primeira imagem da
fita é um grandiloqüente superplano aéreo (a
pasteurização do que Alfred Hitchcock fez, de maneira
maravilhosa, em Os pássaros, 1963) em
que a câmara percorre uma paisagem urbana para, ao fim da
seqüência, deter-se num local, situado no alto, em
que há um casamento e as pessoas dançam; a música
neutra e distanciada do superplano aéreo é bruscamente
substituída, quando a câmara se abeira dos festeiros,
pela música-in, descontraída e íntima do
ambiente. O filme, em sua maior parte, abdica do realismo ambiental
para seguir aquela partitura distanciada que é o próprio
signo da aventura fútil.
Creio
que mesmo os amantes da aventura cinematográfica em si
não lograrão engolir as futilidades propostas de
pela realização de De Bont. Como ocorria no primeiro
filme de Lara/Angelina, o roteiro inclui questões mitologicamente
sofisticadas, como a Caixa de Pandora grega, para tapar o sol
com a peneira: esconder sua inenarrável bobagem.
Por Eron Fagundes
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