17
de novembro de 2003
Os
produtores asseguravam que este seria o Ano Matrix. Depois do
segundo episódio da série, chega a vez de apresentar
ao público o terceiro segmento, ao que se diz o derradeiro:
Matrix revolutions (2003). Agora os irmãos Andy e Larry
Wachowski, diretores, mergulharam ainda mais nos aspectos vazios
dos efeitos especiais e da inutilidade das lutas entre o bem
e o mal; mas será que no primeiro e segundo filmes haveria
algo mais do que isto ou era tudo uma ilusão? O real-imaginário
de Matrix é a grande piada cinematográfica do ano
e serve a caracterizar uma época de que a inteligência
desapareceu, como diz uma personagem de As invasões bárbaras (2003), filme canadense de Denys Arcand.
Matrix
revolutions recoloca em questão esta impressão
de que os três filmes deveriam ser um só e não
o são em face das impossibilidades comerciais de projeto
de tal monta. Quem não viu os episódios anteriores,
desconhecendo as entranhas do universo matriqueiro, certamente
se perderá muito ao longo dos cento e vinte e nove minutos
de projeção. Mesmo quem assistiu aos outros dois
filmes, nota que a realização é confusa:
problemas de indefinição de roteiro cuja montagem
não soube solucionar os dilemas de maneira convincente?
Arrastando-se por uma chuva de trivialidades e barulheira visual-sonora,
Matrix revolutions chega ao enfandonho embate final entre Neo
(o bem) e Smith (o mal multiplicado). A exclamação
final –“A guerra acabou”--, depois que as máquinas
foram subjugadas, para uma multidão de personagens-povo
bobas, busca conferir um ingênuo humanismo a esta saga
torpemente tecnicista e cinematograficamente bárbara (no
pior sentido).
Por Eron Fagundes
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