15
de março de 2004
O diretor
francês Mathieu Kassovitz chega ao impasse de seu cinema
ao rodar em Hollywood Na companhia do medo (Gothika; 2003), um
produto tão constrangedor e óbvio quanto qualquer
narrativa de horror de segunda linha e nenhum intenção
mais séria em que os americanos são mestres. As
asperezas emocionais e estilísticas da direção
de Kassovitz, que tiveram em O ódio (1995) os fotogramas
mais estimados, desandam inteiramente em sua obra americana.
O
talento da atriz negra Halle Berry é desperdiçado.
Os exageros interpretativos de Halle fecham com os estereótipos
visuais a que o cineasta se rende sem questioná-los.
É
pena que um autor como Kassovitz desperdice a chance de contar
com capitais hollywoodianos. Pode-se dizer que ele se atrapalhou
na meca do cinema. A trajetória de loucuras da psiquiatra
vivida por Halle busca um caminho de excessivas explicações
para compor uma narrativa cinematográfica; trilhando uma
senda oposta àquele das sutilezas e profundidades da David
Lynch, Kassovitz esbarra em seu óbvio.
No
elenco de apoio, a aparição interessante da
espanhola Penélope Cruz ajuda um pouco o filme mas não
o salva do desastre de roteiro e direção em que
se transforma. Por Eron Fagundes |