07 de setembro de 2006
A Os três adjetivos do título deste artigo definem minha visão do filme norte-americano Obrigado por fumar (Thank you for smoking; 2006), escrito e dirigido por Jason Reitman. Não a definem de todo, mas apresentam uma definição estereotipada, sintética, simplificada daquilo que a narrativa me passa: antes vem o divertimento fácil e com um conceito de inteligência irônica que uma certa Hollywood cultua; depois uma leveza de filme publicitário, fragmentado e um pouco trepidante em algumas colagens de planos, para não espantar a platéia, fumantes ou não-fumantes; enfim, tudo é enfeixado na superficialidade, categoria que atinge tanto a construção das personagens quanto o estilo de filmar.
Tantos anos depois, o conceito do que seja politicamente correto ou politicamente incorreto é uma bobagem de linguagem ou pensamento. Que é que a política (sentido estrito) vem fazer no universo do cigarro? Que é que significa mesmo correção ou incorreção numa obra de arte, será que depois de tantos revolucionários o cinema admite estas concepções arcaicas? Costumamos repetir papagaiescamente certas expressões que passam depois de algum tempo a não significar nada: politicamente correto e politicamente incorreto são dois destes dizeres enfadonhos.
Demais, o intérprete central de Obrigado por fumar, Aaron Eckhart, não tem carisma interpretativo, assim como os que o coadjuvam (Robert Duvall, Rob Lowe, Maria Bello e Katie Holmes). Reitman poderia ter feito uma experimentação audiovisual com uma idéia provocativa; mas faltou-lhe ousadia para arrostar as facilidades da indústria.
Por
Eron Fagundes