HOLLYWOOD ESTILIZADA
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28 de fevereiro de 2005

O cineasta Mike Nichols, norte-americano cujas origens germânicas já estão muito remotas, é um artista-padrão de Hollywood, onde eventuais fumaças de autor se dissolvem na impessoalidade dos estúdios. É o caso do filme Perto demais (Closer; 2004); em sua narrativa Nichols explora temas perversos como as relações entre homens e mulheres cortadas pelo avanço de costumes e as reações das pessoas à duplicidade do outro e à infidelidade, coisas que nas mãos do sueco Ingmar Bergman ou do italiano Bernardo Bertolucci rendem obras mais características e sem concessões. Nichols prefere afundar seu estilo de filmar no ramerrão das grandes produções ianques.

Júlia Roberts é a estrela milionária que vive uma fotógrafa; o carisma da atriz está bastante desgastado e seus trejeitos de bela estão-se esvaindo ao longo dos anos. A caracterização de Natalie Portman como noiva certinha e stripper noturna (uma bela da tarde nos moldes de Hollywood?) é bem mais curiosa e excitante; na verdade ela rouba o estrelismo de Julia com uma interpretação aqui e ali mais saliente dramaticamente. Os homens (Jude Law como o escritor perdido entre as duas e Clive Owen como o ser masculino que se intromete no pedaço) não decepcionam.

De qualquer maneira, a fragilidade do filme vem mesmo de sua tediosa falta de novidades para o espectador razoavelmente exigente.

Por Eron Fagundes