04
de abril de 2006
O realizador norte-americano Spike Lee tem feito pequenos filmes recebidos com simpatia pelos espectadores, uma simpatia ora maior, ora menor conforme os achados que Lee discretamente semeia; Mas Lee na verdade é somente um pouco mais do que um artesão, filma bem, adota o singelo humor americano e está longe de ser tão provocativo quanto pensam seus admiradores contumazes. Agora, com O plano perfeito (Inside man; 2005), Lee investe pesadamente na indústria do filme de ação, evocando as frivolidades do falsamente clássico Um dia de cão (1975), do norte-americano Sidney Lumet.
Se a narrativa de Lumet era sustentada pelo estrelismo talentoso de Al Pacino, a realização de Lee conta com uma estrela não tão brilhante mas igualmente boa, o ator negro Denzel Washington, que, apesar de se render seguidamente aos trejeitos de astro, não deixa de manter o pique interpretativo. O plano perfeito não traz nada de novo para quem vai ao cinema há décadas: o clichê não sai de si mesmo, permanece grudado como clichê e deve aborrecer quem minimamente entra numa sala de cinema para exercitar o cérebro. É verdade: como diversão, O plano perfeito deve funcionar, seus lugares-comuns facilitam a tarefa do público. O elenco é sofisticado: além de Denzel, percorrem a trama Clive Owen como o assaltante de banco “muito esperto”, o veterano Christopher Plummer como um banqueiro mafioso e a “eterna garotinha” Jodie Foster como a bela e cínica advogada do banqueiro.
Enfim, o cinema de hoje está muito nisto: divirta-se quem puder. E rale-se qualquer outro tipo de interesse por cinema
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Por
Eron Fagundes