16 de junho de 2007
A personagem de Caye é uma jovem de classe média que, ao que parece, se prostitui para fugir ao tédio de sua vida pequeno-burguesa. Zulema, uma rapariga dominicana extraviada nos meretrícios de Madri, tem na atividade de prostituta o único meio para se manter e enviar dinheiro para o sustento de seu filho, em São Domingos. Estas duas criaturas são as protagonistas de Princesas (2005), filme onde o realizador espanhol Fernando León de Aranoa executa um sensível e veraz retrato da prostituição feminina contemporânea numa grande metrópole; as duas mulheres centrais da história vêm a encontrar-se em seus dilemas pessoais tão diferentes e se tornam amigas, partilhando algumas desventuras da trajetória e descobrindo certas identidades de sonhos no caminho da felicidade.
Se em Segunda-feira ao sol (2002) Aranoa falava do emprego e do desemprego numa cidade portuária, mas parecia repetir conceitos que outros cineastas realizaram com mais brilho (o inglês Ken Loach, por exemplo), em Princesas ele faz uma narrativa mais pessoal, mais espontânea, mais direta, onde se chega a sentir uma inusitada espontaneidade “do celulóide”. Para o perfeito ajuste das sensibilidades de Princesas, pode-se dizer que Aranoa contou com duas intérpretes extremamente fortes e dignas em seus papéis: tanto Candela Peña quanto Micaela Nevárez merecem elogios graças à veracidade com que vivem suas personagens.
Enfim, estamos diante de um espetáculo cinematográfico a que se assiste com prazer e, mais que isto, com cumplicidade para com suas desorientadas figuras em cena.
Por
Eron Fagundes