04 de janeiro de 2007
Em A promessa (Wu Ji; 2005), super-produção chinesa dirigida por Chen Kaige, a deslumbrante beleza visual parece excessiva, agride os olhos do espectador pelo descompasso entre o apurado sopro épico da encenação e as figuras simbólicas meio vazias da trama. A narrativa de Kaige passa-nos uma impressão de academicismo suntuoso onde o mofo invade a estética; o distanciamento e a frieza orientais impedem a observador de melhor se aproximar de A promessa.
O chinês Kaige fez um certo furor entre os cinemaníacos ao rodar Adeus, minha concubina (1993), concebido um pouco à sombra de seu patrício maior, Zhang Yimou; se a nervura oriental de Adeus, minha concubina impunha respeito, ao tentar a internacionalização realizando na Inglaterra Mata-me de prazer (2002), com Joseph Fiennes, Heather Grahan, Jason Hughes, Nastascha McElhone, Kaige mergulhou no tédio britânico, superficial e falso. Agora ele volta às suas origens com A promessa, um filme que se impõe por sua sinceridade regional de maneira mais brava que Mata-me de prazer, mas ainda longe do vigor de Adeus, minha concubina.
O que de fato informa a estrutura narrativa de A promessa são as fantasias visuais coreografadas de lutas e bravatas orientais estabelecidas no cinema chinês a partir de O tigre e o dragão.
Por
Eron Fagundes