O FORMATO TELEVISIVO
eron@dvdmagazine.com.br

03 de agosto de 2005

Quarteto fantástico (Fantastic four; 2005), de Tim Story, é mais uma aproximação entre a linguagem dos quadrinhos e a do cinema. Mas rende-se inevitavelmente ao formato estereotipado dos telefilmes: a previsibilidade de cada passo fílmico e a ausência de qualquer invenção formal jogam a narrativa de Story (o mesmo de Táxi, 2004, que foi a tentativa malograda de impor a modelo brasileira Gisele Bünchen como atriz) num terreno em que o cinema americano se vai esmerando atualmente em filmes pretensisosos e falhados como Guerra dos mundos (2005), de Steven Spielberg, e Sr. E srª. Smith (2005), de Doug Liman: tentar cada vez mais iludir o espectador numa ação superficial constante cujo escopo é atrofiar o cérebro das platéias.

E, pior ainda, Story não tem sequer aquele senso mínimo de filmar de Spielberg e Liman, que são artesãos mais competentes do cinema comercial. Pode-se rejeitar sumariamente as propostas cinematográficas de Spielberg e Liman, coisa que faço sem pudores. Mas no caso da realização de Story o fracasso é estrutural, mais arraigado: a pancadaria e a imbecilidade visuais das aventuras dos quatro astronautas que, após acidente espacial, adquirem peculiares poderes que são ao mesmo tempo um bônus e um problema para cada um deles, está incrustada numa raiz que invalida o filme em seu ponto nevrálgico, ser uma aventura cômica, escrachada. Quem poderá achar graça de tanta bobagem?

Por Eron Fagundes