15 de fevereiro de 2008
Ao adaptar para a realidade brasileira o sucesso comercial chileno Sexo com amor? (2007), o diretor Wolf Maia, em constante atividade na televisão, não se pejou de usar de todos os lugares-comuns e os recursos habituais duma telenovela e dos rápidos e malditamente engraçadinhos programas de humor da rede televisiva majoritária do país. O que facilita a Maya esta aproximação são os rostos e os jeitos interpretativos alinhados com o modelo da televisão (como Reynaldo Gianecchini e Malu Mader, ele vive um garanhão, ela uma traída grávida melancólica, ambos formam talvez o principal casal da trama); e o que reforça a ligação com o humor rápido da televisão é o fato de que intérpretes como Eri Johnson e Maria Clara Gueiros repetem seus monótonos truques vistos nas seqüências-estanque dos aludidos programas televisivos.
Maia está muito longe de ter o pique de cinema de Daniel Filho, outro nome habitual na televisão mas sujas origens cinematográficas lhe dá o senso de filmar para a tela grande. De todo o elenco, talvez só o casal formado por José Wilker e Marília Gabriela desfrutem duma empatia fílmica, mesmo que aos tropeços; o resto é inegavelmente televisão pura. E um sentido de televisão como um entretenimento brutalmente primário, distante dos processos documentais de investigação dos trabalhos que o italiano Roberto Rossellini e o alemão Alexander Kluge fizeram para a televisão. Sexo com amor?, para cativar a grande massa, se concentra inteiramente na televisão; é como um compacto que mistura cenas de telenovelas com cenas de programas humorísticos.
Ao investir com moderação franciscana em seqüências sexualmente mais arrojadas, Sexo com amor?, nas palavras de seus produtores, quis atingir uma faixa mais ampla de público. Censurado somente para menores de 14 anos, Sexo com amor? vira uma comédia juvenil que quer disputar as platéias atoleimadas que o cinema americano do gênero geralmente abarca.
Por
Eron Fagundes