DUELO DE GERAÇÕES
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29 de agosto de 2005

Antes de qualquer coisa, A sogra (Monster-in-law; 2005), superficialíssima comédia hollywoodiana dirigida por Robert Luketic, é um duelo de gerações, não entre as personagens de sogra e nora que se defrontam pateticamente ao longo de todo o filme, mas entre as próprias atrizes. Jane Fonda foi uma das grandes atrizes de antanho em Hollywood. A hispânica Jennifer Lopez é uma das mais belas estrelas da Hollywood atual. É, porém, Jane quem domina a cena: para quem viu a atriz em seus tempos áureos, sente-se que falta a embocadura da continuidade; mas ela dá a volta por cima e pouco a pouco exibe sua força de intérprete. O curioso é que Jennifer, geralmente entregue a desempenhos melosos, tem sua interpretação pautada pelo engenho de Jane; como por contágio, de estrela Jennifer vira intérprete.

O parágrafo acima resume o interesse básico duma realização como A sogra: permitir o confronto de duas gerações de intérpretes separadas por décadas de metamorfoses hollywoodianas. O que sobra depois é um corolário de obviedades tão americanas quanto insossas; só mesmo a massificação de imagens para a qual fomos educados pode explicar por que tantos lugares-comuns sem rebuços ainda podem ser suportados durante hora e meia de projeção sem enfado, ao contrário muitos riem das incômodas palhaçadas que as duas atrizes celebram diante das câmaras.

Enfim, é o que se poderia chamar de “encher lingüiça” do cinema comercial.

Por Eron Fagundes