09
de fevereiro de 2004
O cineasta
neozelandês Mike Newell, ao rodar O sorriso de
Mona Lisa (Mona Lisa smile; 2003), pretendia encaminhar seu filme para
a defesa do inconformismo feminino numa quadra em que a ascensão
da mulher começava mas topava barreiras, os anos 50 nos
meios universitários americanos. Sua realização
não é inteiramente desprovida de méritos:
a reconstituição de época não deixa
de ser precisa e interessante, conquanto não apresente
nenhum toque pessoal do realizador; a narrativa está eivada
das emoções fáceis de Hollywood, mas não
deixa de ocultar bem seus artifícios.
Todavia,
O sorriso de Mona Lisa peca basicamente por seu tom falso. Julia
Roberts
esforça-se mais uma vez por livrar-se
de seu estrelismo e ser aceita como uma atriz capaz; falta-lhe
profundidade e sinceridade de interpretação, mas
não convence como a professora de História da Arte
que quer mudar os conceitos de algumas alunas inteligentes mas
demasiadamente submissas às normas padronizadas de então.
É
claro que a personagem de Julia tem seus desvios e mantém
um caso com um típico machista de ocasião. Como
sua estrela, Newell esforça-se para ser aceito como um
cineasta capaz de pensar complexamente e assim introduz certas
curvas na trajetória de sua protagonista; mas, como tudo
no filme, estas curvas soam falsamente e não evitam as
características estereotipadas de que Newell não
logra fugir.
Por Eron Fagundes
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