21 de
junho de 2005
Os
astros de Hollywood Brad Pitt e Angelina Jolie começam
e terminam o filme Sr. e srª. Smith (Mr. and mrs. Smith;
2005) falando para a câmara que subjetivamente é um
terapeuta que objetivamente é o olhar do espectador. O
que se desenrola nos cento e poucos minutos que intervalam as
duas cenas (o início e o fim) parece ser só um
símbolo da guerra dos sexos em todos os recantos do mundo:
Hollywood oferece para o texto do casamento contemporâneo
o que tem de mais característico hoje, sua profunda estupidez
e sua notável capacidade de desperdício de material
de produção; balas falsas de armamentos igualmente
falsos e muito objeto de cena (automóveis e prédios
são os mais imponentes) sucumbem vítimas da futilidade
da meca do cinema. Na verdade, quem precisa de terapeuta depois
da projeção é o espectador: onde estou metido,
ora bolas?!
A
trama é tão convencional quanto o estilo de filmar
do realizador do filme, Doug Liman. Para inventar uma desculpa
para a falta de criatividade em expor novamente os desajustes
do homem e da mulher de nossos dias, Liman arma a refrega do
casal como uma caçada preparada por organizações
de grande porte; nem a pretendida opção pelo humor
escrachado e fácil chega a funcionar senão para
mentes mais tacanhas ou que estiver relaxando para paparicar
o gosto do público –que é o que faz o filme
o tempo todo, paparicar a platéia.
Brad é mesmo uma nulidade, uma carinha emoldurada sem
dinâmica interpretativa. E Angelina, que até vinha
sendo um tipo curioso na fauna de Hollywood, está pouco
a pouco moldada para o mais rasteiro comercialismo ianque. Pesando
tudo, a badalação em torno de Sr. e srª Smith serve tão-somente para chamar a atenção
para um dos mais detestáveis filmes do ano; e a constatação
risível de que deram a Brad e Angelina, um par romântico
e sensual, as funções de violência que em
outros tempos eram atributos de Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenneger,
dois brutamontes.
Por Eron Fagundes
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