18 de abril de 2006
O cineasta inglês Stephen Frears adota um rigor formal extremamente seco para contar uma história de época em Srª. Henderson apresenta (Mrs. Henderson presents; 2005). Bastante longe da exultação estilística de suas melhores realizações (O amor não tem sexo, 1986, sua obra-prima; Ligações perigosas, 1988; A grande família, 1993), Frears em seu novo trabalho envereda por um distanciamento britânico que abafa a emoção que poderia chegar ao espectador.
Um pouco à maneira de Roma (2004), do argentino Adolfo Aristarain, o realizador inglês parte de um relato de trajetórias pessoais para expor um período histórico e social, no caso a conturbada vida londrina às vésperas e durante o bombardeio nazista. A senhora Henderson do título é uma produtora teatral que, para sobreviver nos duros tempos, decide apresentar espetáculos de garotas nuas em cena; sua associação com um gerente de teatro vai render a formação duma comunidade que é a própria resistência (artística e humana) à barbárie.
Ocorre que Frears, apesar de contar nos papéis centrais com os extraordinários desempenhos de Judi Dench e Bob Hoskins, não extrai do tema toda a profundidade cinematográfica que se está oferecendo. O resultado é uma narrativa amorfa, honesta e correta, mas sem paixão.
Por
Eron Fagundes