13
de junho de 2005
Na
década de 70 do século passado se discutia se o
filme Guerra nas estrelas (1977), aquele que trazia entre seus
rostos um jovem Harrison Ford, era uma fantasia criativa e estimulante
ou um embuste recapado de uma técnica de filmar que se
impunha aos olhos pelo grito da imagem. O diretor George Lucas,
um milionário de Hollywood que, diversamente de seus admiradores,
sabe de suas debilidades, está concluindo a segunda trilogia
da série com o filme Star wars –episódio
II; a vingança dos Sith (2005). O gosto do público
não mudou muito nestas três décadas; o que
houve foram mudanças superficiais, todas baseadas em efeitos
especiais gerados pelas facilidades da tecnologia digital; em
suma, o cinema comercial não tem avançado nada.
Todavia
já não faz sentido investigar se a nova
produção de Lucas é uma invenção
de formas ou uma falsificação formalista. O embuste é o
próprio espectador que vai ao cinema para ouvir trivialidades
tolas sobre o poder e o mal enquanto lhe empurram pelos olhos
adentro miragens cinematográficas tão frágeis
quanto obscuras; e esta fusão de obscuridade e ingenuidade é que
torna nosso ato de se deslocar para uma sala de cinema que exibe
o filme de Lucas uma fraude.
Ir
ao cinema tornou-se uma fraude. Star wars é mais uma
mitologia da bobagem que um filme que buscasse sua razão
de ser um pouco em seu tema. Eu sei: dirão que eu me deveria
calar sobre este tipo de filme, pois minha cabeça não
foi formada para apreciar esta massa visual aparentemente fútil.
Mas não se deve calar uma voz contrária que capta
uma pretensão descabida em Mister Lucas (seus fãs
chamariam: Mestre Lucas, o que tem a força): a reflexão
pretensiosa sobre os aspectos sombrios da natureza humana feitos
com um maniqueísmo e um primarismo constrangedores.
Por Eron Fagundes
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