PARA AMERICANOS
eron@dvdmagazine.com.br

11 de outubro de 2004

A crítica que o cineasta Morgan Spurlock faz à indústria alimentícia norte-americano, especialmente a da rede McDonalds, em seu documentário Super Size me –a dieta do palhaço (2004) está viciada por uma apressada superficialidade jornalística, que visa antes ao escândalo que à investigação científica. Spurlock está muito longe da contundência de Michael Moore em Tiros em Columbine (2002); e suas facilidades o impedem de compor uma narrativa tão forte quanto O informante (1999), onde o realizador Michael Mann investia contra a indústria do cigarro.

Falta a Spurlock um ponto de apoio cinematográfico que o torne menos circunstancial, menos datado e menos circunscrito geograficamente. O golpe publicitário do filme é explorar o pavor ianque da obesidade, o mundo encantado de estrelas encantadoras está em Hollywood mas passa longe das ruas do país onde o que se vêem são pessoas deformadas pela gordura. Spurlock se coloca como a personagem básica do documentário: durante um mês se alimenta exclusivamente dos lanches rápidos e o resultado é catastrófico para sua saúde.

Spurlock centra a ferocidade de sua câmara na rede McDonalds, de fato uma praga nas cidades americanas, estabelecimentos que se reproduzem como um formigueiro. Mas há outras alimentações que são igualmente nocivas. Spurlock quer provar o óbvio. E tenta atacar a publicidade de alimentos nos Estados Unidos; mas os aspectos de show exibicionista é o que verdadeiramente fica em nossa rotina de seu filme.

Assim como está, apesar da extravagância benfazeja de sua proposta, Super Size me é uma fita para assombrar o já assombrado público obeso americano.

Por Eron Fagundes