15 de
novembro de 2004
Há um
contido sentimentalismo no melodrama francês A
voz do coração (2004), de Christophe Barratier. Num internato de garotos-problema
um denodado professor de música enfrenta a prepotência
do diretor do colégio e a rebeldia insana dos alunos para
formar um coral infantil; a história é evocada,
na primeira pessoa, por um maestro que foi um destes alunos revoltados
que aprendeu música e vida com aquele mestre anônimo.
Como
geralmente ocorre nas produções francesas,
a afeição pelo cotidiano e um tom coloquial de
narrar acompanham as imagens em todos os momentos. Barratier
conduz com correção mas bastante burocraticamente
seu filme que, por alguns detalhes, lembra François Truffaut,
o melhor cultor do melodrama cinematográfico em França;
um destes detalhes é o tema das crianças e o jeito
terno e inocente com que são dirigidas; o outro detalhe é uma
certa característica literária, de diário íntimo
da realização, coisa que Truffaut articulava bem
em seus bons anos.
Infelizmente,
Barratier está longe do nível de
seu mestre. As obviedades narrativas e uma inevitável
mornidão acabam por sepultar boa parte das dignas intenções
da película.
Por Eron Fagundes
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