O MELODRAMA BÉLICO DE MANDOKI
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19 de abril de 2005

O mexicano Luis Mandoki está repleto de intenções “corretas” em seu filme Vozes inocentes (Voces inocentes; 2004), onde apresenta a visão que um garoto de onze anos poderia ter da guerra civil em El Salvador na década de 80 do século XX. O coeficiente de sinceridade da narrativa vem em boa parte do roteiro de Oscar Torres, que como criança viveu aqueles anos de terror; é complicado resistir à chantagem emocional da realização, que se vale um pouco apelativamente das figuras frágeis dos infantes.

Mandoki deixa de lado qualquer questionamento político que possa explicar as razões das pelejas fratricidas do miserável país da América Central. As referências à guerrilha e à prepotência de quem está no poder são superficiais, embora o espectador possa em sua cabeça tentar aprofundar estas alusões; o que interessa a Mandoki é atingir o público pela utilização amarga da exploração de crianças pela ganância (adulta) das guerras.

Sem ser um filme inteiramente inválido, Vozes inocentes vai diminuindo seu impacto à medida que, passada a projeção, passamos a meditar sobre seus problemas de falsificação da encenação.

Por Eron Fagundes