De uns tempos pra cá, temos publicado resenhas de vários
CDs e DVDs supimpas, legais, maneiros, polidos e faiscantes.
O problema é que... bem, eles não estão
disponíveis no Brasil! Na verdade, tem uma cacetada
de grandes CDs que ainda não foram lançados no
Brasil. Ó céus! O que fazer? Simples: bundeando
pela Net, encontrei uma loja virtual de CDs que tem praticamente
TUDO o que a gente procura, das maiores raridades do Rock Progressivo às
pérolas do jazz que nenhum selo tem culhão pra
lançar aqui. Onde? Fácil: vá na CD BABY
(http://www.cdbaby.com/) e faça a festa dos seus zóios,
zuvidos e zoreias!
D´ARCANA -
D´Arcana
(Lemuria Music)
Para quem gosta de bom folk psicodélico com elementos
de Van Der Graaf Generator, o D´Arcana é uma grande
pedida. O trio é liderado pelo cantor e multi-instrumentista
Jay Tausig (ex-E-Motive, Lunar Sea e Solid Space, cuja voz
já foi definida como “Greg Lake cantando no estilo
Peter Hammill”), que vem acompanhado da baixista Shelby
Snow e do guitarrista James Camblin.
Links: www.darcana.com
FSB ANTHOLOGY VOLs. 1, 2 & 3 -
FSB (UBP International)
Essa coletânea do FSB, banda búlgara que existe
desde os anos 70 e lançou mais de 17 álbuns, é o
nirvana para fãs de grupos como Toto, Styx, Reo Speedwagon,
Journey, Asia, Survivor e similares. O instrumental é de
primeira, os vocais são limpos e poderosos, e as músicas
são os bons e velhos hits grudentos, no melhor estlo
levanta-platéia que chacoalharam os anos 80. Tudo cantado
em búlgaro, única coisa que impediu o UBP de
fazer sucesso no resto do mundo.
Links: www.online.bg/ubp
ANOTHER STEP -
Mette Sommer (Apparat Studios/Rekord Records)
Apesar do nome, a cantora Mette Sommer nasceu no Brooklyn, é filha
de noruegueses e vive na Suécia. Complicado, né?
Pode ser, mas o som folk/progressivo dessa bela loira é bem
simples, porém não simplório. O album é produzido
por Par Edwardson (Psychotic Youth, Stonecake) e mixado por
Björn Nessjö (Ian Hunter, TNT, John Lord), e traz
nove músicas originais mais uma cover muito legal de "Wonderous
Stories", do Yes.
Links: www.apparatstudios.com
IT WON´T SNOW WHERE YOU´RE GOING -
Park
(Lobster Records)
Mais um novo disco do Park, cujo rock no estilo “Emo” é repleto
de letras depressivo-melancólicas que fazem qualquer
gótico parecer o Rei Momo em termos de animação.
O instrumental é de primeira, sólido e sincopado,
com destaque para as músicas "Gasoline Kisses for
Everyone", "Conversations With Emily" e "Dear
Sweet Impaler". O CD inclui videoclips.
Links: www.lobsterrecords.com, www.parkmusic.com
CONTACT PARTS 1 & 2 -
Balkan Horses Band (Aquastorm/UBP International)
Imagine um grupo de músicos búlgaros com vasta
experiência tocando Jazz, Rock e música clássica,
trancados numa sala e com carta branca para improvisar o que
quiserem. O resultado? Rock progressivo de primeira linha!
Apesar do nome bucólico da banda e da profusão
de música folk dos Bálcãs no som, esses
dois discos passam beeeeeem longe da caca que muitos chamam
de “World Music”, “New Age” ou “Ambient”.
Também, pudera. O time envolvido inclui o violonista
Lakshminarayana Subramaniam, especializado em misturar música
hindu com rock e jazz, o guitarrista Vlatko Srefanovski e a
cantora Tamara Obrovac, só para citar alguns nomes.
Se sua visão de rock progressivo vai além de
intermináveis solos de Prophet V, e se você também
curte grupos como Mahavishnu Orchestra, Return To Forever,
Brand X e Weather Report, este disco é indispensável.
Links: www.aquastormbg.com, www.online.bg/ubp
CHOOSE SOUL -
Jennifer Reed (Rage)
Jennifer Reed escolheu o soul. Foi uma escolha sábia
e acertada. Com sua bela voz e um repertório refinado,
que mistura R&B e funk setentista com influências
de Stevie Wonder, Michael Jackson e Aretha Franklin, esta bela
cantora tem tudo para se tornar a nova queridinha da molecada – se
aquela lavanderia de cérebros chamada MTV deixar, é claro.
Links: www.rage8.com.au
RETURN OF THE ALL-POWEFUL LIGHT
BEINGS - The Gak Omek (Blue Cube Music)
O projeto Gak Omek – leia-se Robert Burger, Glenn Robitaille
e Dave Cashin – é difícil de se classificar.
A priori, parece apenas um álbum psicodélico-eletrônico.
Mas ouvindo-se com atenção, pode-se notar influências
fortes de Synergy e Djam Karet. O CD tem de tudo: improvisos
de guitarra que deixariam Robert Fripp feliz da vida, bases
jazzísticas, uma percussão eletrônica decente,
mudanças de ritmo onde menos se espera, e um tom geral
de trilha sonora para um sonho lisérgico – especialmente
na ótima "Radio Hypnotic Intra-Cerebral Control",
que lembra o King Crimson de “Larks´ Tongues In
Aspic”.
Links: www.thegakomek.com
GIFT FROM TIME -
Clearland (UBP International): O
Clearland, da Bulgária, é na verdade um duo
formado em Varna no final do século passado (em 2000!)
por dois carinhas chamados simplesmente Raikov (que foi vocalista
do Diana Express) e Jambazov. O CD “Gift From Time” levou
cinco anos para ficar pronto, mas valeu a pena. Totalmente
cantado em ingles, o Clearland faz um rock melódico
que cairia bem em qualquer rádio, dadas às similaridades
com Toto e Foreigner. Destaque para a belíssima versão
instrumental de “Bohemian Rhapsody”, do Queen.
Links: www.online.bg/ubp
ONE FOR THE KIDS -
Yellowcard (Lobster Records)
O Yellowcard, que existe há uns bons cinco anos e continua
desconhecido, traz um interessante rock modernoso... com violino!
Sério. O instrumento, tocado pelo talentoso Sean Mackin,
permeia boas canções que, no fundo, não
diferem muito dos “queridinhos do mês” da
MTV – mas são bem legais, com destaque para “Sureshot”, “Big
Apple Heartbreak” e “Rock Star Land”.
Links: www.lobsterrecords.com
DAY OF WRATH -
Nelko Kolarov (UBP International)
"Day of Wrath" é o primeiro disco solo do búlgaro
Nelko Kolarov, ex-tecladista do Impulse e o cara que regeu
a orquestra na famosa ópera rock de Nikolo "Brazen
Abbot" Kotzev, “Nostradamus". Neste CD, Kolarov
troca o grandiosismo do rock sinfônico pelo imediatismo
do prog-metal, com resultados que certamente vão agradar
o povão – desde que você não esteja
esperando algo como o Dream Theater.
Links: www.online.bg/ubp
ANCHOR DROPS -
Umphrey´s MacGee (SCI-Fidelity Records)
Esse sexteto de Chicago é, pura e simplesmente, uma
das melhores coisas que já surgiram no rock americano
desde o Primus e o Phish. O próprio Frank Zappa ficaria
orgulhosíssimo do grupo, que mistura bases jazzísticas
free-style com solos de guitarra extremamente complexos, criativos
e fora do óbvio, a cargo do talentosíssimo Jake
Cinninger. É raro eu dizer isso, mas serei obrigado:
este CD é simplesmente indispensável em qualquer
coleção de boa música!
Links: www.scifidelity.com, www.umphreys.com
REBELUTION -
The Soul Rebels (Barn Burner Music)
Uma banda dessas só podia mesmo vir de Nova Orleans.
Seguindo os passos do Dirty Dozen, o Soul Rebels mistura rap,
reggae, hip-hop, soul e funk num resultado que não se
parece com nada do que temos ouvido na MTV nesses últimos
tempos, mas sacode as cadeiras do mesmo jeito. Excelente álbum
para as pistas.
Links: www.therebelzone.com, www.barnburnermusic.com
TALKING DRUM -
Chris Brown (Pogus Productions)
Caveat emptor: este disco é estranho. Muito estranho.
Mesmo. E de publico limitado, com certeza. São vários
experimentos percussivos gravados por Chris Brown entre 1991
e 1999, em locais como Bali, Filipinas, Turquia e Cuba. Os
sons foram cortados em polirritmos, jogados no computador,
manipulados por algoritmos genéticos e mandados de volta
para o ouvinte em algo que Brown classifica como “música-instalação”.
Entendeu alguma coisa? Nem eu, mas vale a pena ouvir.
Links: www.pogus.com
TOSS THE FEATHERS -
Mountain Dew (Apparat Studios)
Imagine um album totalmente acústico (nem bateria tem,
apenas percussão), com onze músicas clássicas
do folk irlandês. Parece chato? Não é.
Não nas mãos da excelente banda Mountain Dew,
cuja intimidade com os instrumentos deixa tudo limpo, lindo
e profissional, sem perder a espontaneidade. Algumas faixas
lembram um pouco o Jethro Tull da fase acústica.
Links: www.apparatstudios.com
GENESIS/ENTER ALONE -
Confusion (Diamond Snake Records)
O grupo grego Confusion, criado em 1998 pelo endiabrado guitarrista
Achilleas Diamantis, é uma excelente pedida pra quem
curte fusion com toques progressivos. Talentosos músicos
de estúdio como Makis Boukalis, Nikos Vardis, Seraphim
Bellos, Alekos Orfanos, Stratos Diamantis e Takis Paterelis
tomam conta da base jazzística, enquanto Achilleas esmerilha
a guitarra em improvisações ora agressivas, ora
intrincadas. O segundo álbum, Enter Alone, tem participação
da cantora Kristieanne Travers.
Links: www.confusionmusic.com
THE RECORD PLAY -
Mock Orange
(Lobster Records)
Produzido por Mark Trombino, o mesmo do No Knife, o Mock Orange
lembra um pouco bandas Emo como Braid (de onde saíram
alguns de seus integrantes) e Jimmy Eat World. Este segundo álbum
do MO não é tão bom quanto o CD de estréia, “"Nines
and Sixes", mas ainda tem belas músicas como "Brake
Lights On", "In Even Time" e "Nothing To
Write".
Links: www.lobsterrecords.com, www.mockorange.net
THE HUMAN ELEMENT -
Tony Spada (Surveillance Records)
O grande guitarrista Tony Spada é mais conhecido como
um dos fundadores do grupo progressivo Holding Pattern, surgido
em 1981 e comparado pela crítica a praticamente tudo
que era expoente do art rock na época, desde Happy The
Man a Dixie Dregs (a propósito, “The Human Element” tem
uma cover do DD, “Sleaze Factor”). Se você lembra
da época em que a MTV ainda tocava música, deve
ter visto um clipe deles, “Mercenary”, por volta
de 1983. Se não viu, azar seu. Perdeu o trabalho de
um grande músico, que retorna à ativa depois
de dois discos solo igualmente ótimos. Em “The Human Element”, Tony Spada volta a pesquisar
novos sons e misturar diversos elementos musicais, num resultado
unido, coeso e sólido como há muito não
se ouve. O disco inteiro é ótimo, mas os destaques
vão para “"Iraqiroll", "Intruders" e “Tricky
Shoes”. Ah, sim: “Autumn Dance” foi composta
com inspiração na belíssima atriz e Playmate
Yvette Vickers, uma das grandes musas dos filmes B nos anos
50 e 60. Links: www.holdingpatternusa.com
SHAPING -
Music Station (UBP International)
Se você é fã de grupos de rock progressivo-pomposo
como Shadow Gallery e Asia, então vai adorar o novo
album do grupo húngaro Music Station. Os excelentes
vocais de Pavlin Manev, que canta em inglês sem sotaque,
remetem a John Wetton. Mas como não só de pompa
vive o progressivo, há também circunstâncias
nas músicas “After Twilight”, com guitarras
latinas, e “Home”, um jazz fusion experimental
muito bom.
Links: www.online.bg/ubp
Sergio Martorelli