Minissérie em 4 episódios, com os personagens Laranjinha e Acerola, moradores de um morro do Rio, mostrando o seu dia a dia.:

Correio
Na favela não há correio e para evitar as confusões rotineiras na associação dos moradores, onde todas as cartas são entregues, Laranjinha e Acerola são escalados pelo tráfico para trabalhar como carteiros. O problema é que com esta missão vem junto uma ameaça: nenhuma carta pode deixar de ser entregue, se isso acontecer eles terão que ir desenrolar com o dono do morro. Para se livrarem deste problema, os dois resolvem fazer um mapa da favela para que os carteiros profissionais possam fazer o trabalho. Com isso, eles descobrem que esta atividade pode até ser muito rentável, mas um mapa identificando ruas e vielas não é exatamente a melhor notícia para os traficantes.

A Coroa do Imperador
Laranjinha e Acerola estão aprendendo na escola sobre a fuga da Corte Portuguesa para o Brasil e vai haver uma excursão da turma para Petrópolis. Eles querem conhecer a coroa do imperador. A condição imposta pela professora é que todos passem por uma chamada oral sobre o assunto. O outro problema é que, para fazer o passeio, é preciso pagar uma taxa de R$ 6,50 e para conseguir esse dinheiro os dois acabam se envolvendo com os traficantes do morro onde moram. Para complicar, na véspera da excursão o morro é invadido por uma facção inimiga e em meio à confusão os dois finalmente entendem o que levou Napoleão a atacar a Inglaterra e porque dom João 6º teve que sair correndo para o Brasil.

O Cunhado do Cara
Acerola surpreende-se ao ver sua irmã namorando o dono do morro. Tenta convencê-la da loucura que é envolver-se com traficantes. Neste exato momento Deco, o dono do morro aparece e resolve tratar o cunhado da melhor forma possível, para agradar a nova namorada. Faz isso na frente de todos. Acerola percebe que, por ser cunhado do cara, passa a ser respeitado. Embriagado pelo seu poder, tripudia e abusa de seu status de cunhado. Está tudo indo bem até que a irmã briga com o namorado. Acerola passa então a contar apenas com seu fiel amigo, Laranjinha, para tentar reaproximar o casal se livrando assim de uma retaliação geral.

Uólace e João Victor
Laranjinha acorda e constata que está sem dinheiro e sem comida em casa. Sua mãe só volta no final de semana e a escola está fechada. Até lá ele vai ter que se virar na pista. Num apartamento em frente à favela mora João Vitor. É um garoto da classe média. O programa traça um paralelo entre a vida destes dois personagens até o momento em que se encontram, ou se desencontram, no final.

Esta minissérie, feita pela produtora O2, responsável pelo filme Cidade de Deus, é uma nua e crua realidade da maioria da juventudo do nosso país. Mostrando sem demagogia, usando atores da comunidade (do mesmo grupo que fez o filme Cidade de Deus), mostra o paralelo qntre o sonho e a realidade, a verdade nua e crua, claro que com menos detalhes do que no filme citado pois foi ao ar na televisão. E foi um grande sucesso. Esta baboseira de dizer que o brasileiro não tem consciência da realidade, que, como já foi dito, "pobre gosta é de ver luxo" é jogada literalmente no chão com a grande audiência que a série teve. Cenas até então consideradas "fortes", contendo armas, droga etc. é mostrada aqui com extremo realismo, com tomadas de câmeras com um enquadramento que realça a realidade, mas com a beleza (?) e sutileza que o tema merece. Um forte retrato de uma geração que pode, ao menos, sonhar. Os atores mirins estão perfeitos, afinal, esse é o mundo deles, maior realismo e naturalismo na interpretação impossível. Roteiros muito bem elaborados, esta série teve início com um episódio do programa "Brava Gente", chamado "Palace 2", que já possuía os mesmos protagonistas. A idéia foi em frente e o resultado é esse: um belo retrato da nossa verdadeira gente. Doa a quem doer.

Depoimentos: uma série de depoimentos dos produtores e equipe técnica sobre o projeto, bem interessante (aprox 19 minutos)

Video Clipe do "Rappin Hood"

Como minissérie, a qualidade não que se discutir. Imagem de excelente qualidade, mas como foi feita para a TV está no formato 4:3. O áudio, apenas em DD 2.0 (hoje em dia já se poderia prever uma produção, mesmo que de programa de TV, com áudio DD 5.1), mas de excelente qualidade. A embalagem e os menus, um pouco "embaralhados", como pede o assunto. No geral, se não houver preconceitos, um ótimo DVD. Só não leva nota máxima pois merecia um pouco mais de "capricho" (ao menos uma trilha com comentários dos roteiristas e diretores).

Este DVD foi gentilmente cedido pela Som Livre.