DESMUNDO

 

Com Simone Spoladore, Osmar Prado, Caco Ciocler, Berta Zemel, Beatriz Segall

 

Diretor

Duração

Produção

Alain Fresnot

101 minutos

2003

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama

Columbia

23/03/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Português (DD 5.1 e DD 2.0)
Português, Inglês, Espanhol e Francês


(LETTERBOX 4:3)

Sinopse

Uma jovem chega de Portugal para desposar um colonizador do Brasil, em 1570. Sem conseguir se adaptar, ela tenta fugir, despertando a ira do marido apaixonado. Fiel à pesquisa histórica, o filme é falado em Português Arcaico.

Comentários Sobre o Filme

O cineasta paulista Alain Fresnot realiza seu projeto mais audacioso com Desmundo (2003), adaptação para o celulóide de um dos muitos romances históricos de Ana Miranda. Fresnot, realizador de Lua cheia (1989) e Ed Mort (1996), exacerba a dureza de linhas de seu cinema ao fazer sua câmara mergulhar nas origens da história brasileira; o século XVI nacional é reconstituído em toda a precariedade de seu primitivismo e toda a miséria de sua insociabilidade. Para tanto, Fresnot busca um rigor formal meio inusitado para os padrões comerciais; se Osmar Prado tem um desempenho voraz como o fazendeiro quinhentista que compra uma jovem para casamento e Simone Spoladore é sensível na pele desta jovem vendida, a direção de arte de Adrian Cooper faz notáveis redemoinhos para recapturar um passado estranho (e que nem parece nosso) e o diretor Fresnot chega ao clímax de sua pretensão de fidelidade histórica ao construir diálogos em português arcaico, de acordo com as linhas sugeridas pelo filólogo Helder Ferreira. É verdade que não se sabe bem que português arcaico era falado na colônia, os registros para a posteridade são o do português arcaico escrito e a distância entre a língua escrita e a língua falada era ainda mais acentuada nos tempos de antanho; é verdade também que Fresnot comete uma concessão comercial ao legendar o português antigo com letreiros em português contemporâneo, o que ameniza a perplexidade do público mas diminui o poder de estranhamento iniciado pela imagem; todavia são problemas que não retiram a beleza e o esforço brilhante desta obra cheia de dignidade de um cinema brasileiro que já não se faz.

Desmundo, de certa maneira, se parece com o clima de alguns filmes do português Manoel de Oliveira, especialmente o maravilhoso Palavra e utopia (2000), cuja atmosfera de tempo parece imitada, à distância, por Fresnot. Na seqüência em que marido e amante se enfrentam, apontando as armas um para o outro, disputando a mulher, a câmara movendo-se circularmente, o cineasta refaz uma cena de lugar-comum do cinema americano, dois homens se apontam armas, mas com uma inventividade formal que remete, ainda que palidamente, ao cinema de Glauber Rocha; o tiro (tensionado, esperado) fecha a seqüência, um brevíssimo intervalo de escuridão da tela, corte para o grito de Simone (ela já não está apavorada com a briga de seus homens, mas está dando à luz um bebê, cercada por índias debochadamente risonhas, numa cena de surrealismo pré-histórico). A derradeira imagem é a deste bebê, numa rede com a mãe (a rede está sendo carregada pelos empregados do fazendeiro, que segue na frente), bebê que não se sabe se é legítimo ou bastardo, talvez filho do amante morto pelo marido (quem sobreviveu ao duelo é o marido, como se depreende do conteúdo das imagens finais). Origens do Brasil: legitimidade ou bastardia? (Eron Fagundes)

Extras

- Making Of: excelente documentário, com quase 46 minutos, onde há de tudo: depoimentos, cenas de bastidores (muitas), erros de gravação, abordaqem de todas as etapas de produção, aspectos técnicos, cenográficos etc. Um belo exemplo de como deve ser este tipo de extra.

- Comentários do Elenco: depoimentos onde os atores Simone Spoladore, Osmar Prado, Caco Ciocler, Berta Zemel e Beatriz Segall falam sobre seus personagens, com 10 minutos e 15 segundos. Um bom complemento ao making of.

- Comentários dos Realizadores: depoimentos da equipe técnica, envolvendo a trilha sonora (Maestro John Neschling), desenho de arte (Adrian Cooper e Chico de Andrade), fotografia (Pedro Farkas), montagem (Júnior Carone e Mayalu Oliveira), direção e roteiro (Alain Frensot), com 18 minutos, com uma falha: falte de créditos, o público não sabe quem são as pessoas, embora elas estejam no making of (alguns depoimentos são praticamente os mesmos).

- Seqüência de Imagens: clipe com quase 12 minutos mostrando imagens do filme e cenas de bastidores.

- Vila Cenográfica: clipe com 40 segundos.mostrando o set de filmegem criado para o filme.

- Galeria de Fotos: 22 fotos de cenas do filme.

- Trailer

- Trailer Teaser

Críticas ao DVD

Um belo produto tecnicamente falando, com ótima qualidade de imagem, porém não otimizada para quem tem tv em wide, o mesmo formato do cinema. O áudio está ótimo, com as duas opções, para home-theater em 5.1 canais (muito bem utilizados) e 2 canais (para quem assiste numa TV). Num filme que tem uma impecável direção de arte, com cenas escuras, acaba sendo muito bem transcrito para o formato digital. E há as legendas em Português (opcional), quase que obrigatória para se entender o nosso idioma arcaico. Uma boa diversão é tentar assistir ao filme sem elas...

Com menus animados e muito bem realizados, os extras são ótimos, apesar de certas repetições. Praticamente não falta nada para este tipo de filme. Mais uma boa produção do cinema brasileiro atual, um DVD que vale ser visto. Afinal, cultura nunca faz mal, ainda mais quando se trata da nossa própria história.

Menus
Resenha publicada em 29/05/2004
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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