Com
Simone Spoladore, Osmar Prado, Caco Ciocler, Berta Zemel, Beatriz Segall
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101 minutos
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SOM & IMAGEM |
FILME |
EXTRAS & MENUS |
GERAL |
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Português (DD 5.1 e DD 2.0)
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Português, Inglês,
Espanhol e Francês
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(LETTERBOX 4:3)
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Sinopse
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Uma
jovem chega de Portugal para desposar um colonizador
do Brasil, em 1570. Sem conseguir se adaptar, ela
tenta fugir, despertando a ira do marido apaixonado.
Fiel à pesquisa histórica, o filme é falado
em Português Arcaico.
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Comentários
Sobre o Filme
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O
cineasta paulista Alain Fresnot realiza
seu projeto mais audacioso com Desmundo (2003), adaptação
para o celulóide de um dos muitos romances
históricos de Ana Miranda. Fresnot, realizador
de Lua cheia (1989) e Ed
Mort (1996), exacerba a dureza de linhas
de seu cinema ao fazer sua câmara mergulhar
nas origens da história brasileira; o século
XVI nacional é reconstituído em toda
a precariedade de seu primitivismo e toda a miséria
de sua insociabilidade. Para tanto, Fresnot busca
um rigor formal meio inusitado para os padrões
comerciais; se Osmar Prado tem um desempenho voraz
como o fazendeiro quinhentista que compra uma jovem
para casamento e Simone Spoladore é sensível
na pele desta jovem vendida, a direção
de arte de Adrian Cooper faz notáveis redemoinhos
para recapturar um passado estranho (e que nem parece
nosso) e o diretor Fresnot chega ao clímax
de sua pretensão de fidelidade histórica
ao construir diálogos em português arcaico,
de acordo com as linhas sugeridas pelo filólogo
Helder Ferreira. É verdade que não
se sabe bem que português arcaico era falado
na colônia, os registros para a posteridade
são o do português arcaico escrito e
a distância entre a língua escrita e
a língua falada era ainda mais acentuada nos
tempos de antanho; é verdade também
que Fresnot comete uma concessão comercial
ao legendar o português antigo com letreiros
em português contemporâneo, o que ameniza
a perplexidade do público mas diminui o poder
de estranhamento iniciado pela imagem; todavia são
problemas que não retiram a beleza e o esforço
brilhante desta obra cheia de dignidade de um cinema
brasileiro que já não se faz.
Desmundo,
de certa maneira, se parece com o clima de alguns
filmes do português Manoel de Oliveira, especialmente
o maravilhoso Palavra e utopia (2000),
cuja atmosfera de tempo parece imitada, à distância,
por Fresnot. Na seqüência em que marido
e amante se enfrentam, apontando as armas um para
o outro, disputando a mulher, a câmara movendo-se
circularmente, o cineasta refaz uma cena de lugar-comum
do cinema americano, dois homens se apontam armas,
mas com uma inventividade formal que remete, ainda
que palidamente, ao cinema de Glauber Rocha; o tiro
(tensionado, esperado) fecha a seqüência,
um brevíssimo intervalo de escuridão
da tela, corte para o grito de Simone (ela já não
está apavorada com a briga de seus homens,
mas está dando à luz um bebê,
cercada por índias debochadamente risonhas,
numa cena de surrealismo pré-histórico).
A derradeira imagem é a deste bebê,
numa rede com a mãe (a rede está sendo
carregada pelos empregados do fazendeiro, que segue
na frente), bebê que não se sabe se é legítimo
ou bastardo, talvez filho do amante morto pelo marido
(quem sobreviveu ao duelo é o marido, como
se depreende do conteúdo das imagens finais).
Origens do Brasil: legitimidade ou bastardia? (Eron
Fagundes) |
Extras
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Making Of: excelente documentário, com quase
46 minutos, onde há de tudo: depoimentos,
cenas de bastidores (muitas), erros de gravação,
abordaqem de todas as etapas de produção,
aspectos técnicos, cenográficos etc.
Um belo exemplo de como deve ser este tipo de extra.
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Comentários do Elenco: depoimentos onde
os atores Simone Spoladore, Osmar Prado, Caco Ciocler,
Berta Zemel e Beatriz Segall falam sobre seus personagens,
com 10 minutos e 15 segundos. Um bom complemento
ao making of.
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Comentários dos Realizadores: depoimentos
da equipe técnica, envolvendo a trilha sonora
(Maestro John Neschling), desenho de arte (Adrian
Cooper e Chico de Andrade), fotografia (Pedro Farkas),
montagem (Júnior Carone e Mayalu Oliveira),
direção
e roteiro (Alain Frensot), com 18 minutos, com uma
falha: falte
de créditos, o público não sabe
quem são as pessoas, embora elas estejam no
making of (alguns depoimentos são praticamente
os mesmos).
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Seqüência de Imagens: clipe com quase
12 minutos mostrando imagens do filme e cenas de
bastidores.
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Vila Cenográfica: clipe com 40 segundos.mostrando
o set de filmegem criado para o filme.
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Galeria de Fotos: 22 fotos de cenas do filme.
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Trailer
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Trailer Teaser
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Críticas
ao DVD
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Um
belo produto tecnicamente falando, com ótima
qualidade de imagem, porém não otimizada
para quem tem tv em wide, o mesmo formato do cinema.
O áudio está ótimo, com as duas
opções, para home-theater em 5.1 canais
(muito bem utilizados) e 2 canais (para quem assiste
numa TV). Num filme que tem uma impecável
direção de arte, com cenas escuras,
acaba sendo muito bem transcrito para o formato digital.
E há as legendas em Português (opcional),
quase que obrigatória para se entender o nosso
idioma arcaico. Uma boa diversão é tentar
assistir ao filme sem elas...
Com
menus animados e muito bem realizados, os extras
são ótimos, apesar de certas repetições.
Praticamente não falta nada para este tipo
de filme. Mais uma boa produção do
cinema brasileiro atual, um DVD que vale ser visto.
Afinal, cultura nunca faz mal, ainda mais quando
se trata da nossa própria história.
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Menus
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Resenha
publicada em 29/05/2004 |
Por
Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale
(DVD)
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Seu
comentário
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