A releitura do famoso conto suburbano de Machado
de Assis é o pano de fundo desse competente
filme produzido pelo cinema nacional. A atuação
convincente de todo o elenco (à exceção
das cenas em que aparecem atores-mirins) dá a
DOM ares de produção de alto nível,
embora edificada com poucos recursos financeiros.
A
paixão arrebatadora por Ana (Maria Fernanda
Cândido) faz Bento (Marcos Palmeira) romper
o namoro de anos e ignorar a distância da ponte
aérea Rio-São Paulo. Ao reencontrar
sua namoradinha de infância, agora mulher feita,
esta se tornou o sentido de sua própria existência.
Emoções fortes no início, passionalidade
permanente: eles se casam em poucos dias e o ciúme
passa a ser o grande veneno do relacionamento.
Tudo
isso porque, tal qual no livro, o “Bentinho” moderno
desconfia doentiamente que sua “Capitu” tem
um caso com seu melhor amigo. Aqui cabe registrar
a naturalidade com que Maria Fernanda Cândido
incorporou sua personagem, o que merecidamente lhe
rendeu o Prêmio de Melhor atriz no 31º Festival
de Gramado, 2003.
Os
comentários nos extras fazem crer que o filme é,
principalmente, uma colaboração para
a propagação da obra literária,
voltado ao público de 18 a 25 anos, sem maiores
pretensões. Acredito, com a devida vênia,
que o Diretor poderia se permitir um pouco mais de
audácia, a considerar a qualidade do trabalho
realizado em comparação com outros
de mesmo jaez.
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