NETTO PERDE SUA ALMA

 

Com Werner Schunemann, Laura Schneider, Sirmar Antunes, Márcia do Canto, Arines Ibias, Lisa Becker, Vera Lopes

 

Diretores

Duração

Produção

Tabajara Ruas, Beto Souza

103 minutos

2001, Brasil

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Ação

Europa Filmes

14/11/2003

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Português (DD 2.0)
Inglês, Espanhol

NÃO ANAMÓRFICO LETTERBOX
Sinopse

Os personagens da minissérie A Casa das Sete Mulheres estão de volta nessa história de heroísmo e paixão. Ferido durante a Guerra do Paraguai (1861-1866), o general brasileiro Antônio de Souza Netto é recolhido ao hospital. Ali percebe coisas estranhas acontecendo com outros pacientes ao seu redor. Numa noite, recebe a visita de um antigo companheiro, sargento Caldeira, ex-escravo. Juntos rememoram o passado comum durante Guerra dos Farrapos (1835-1845). São muitas histórias, encontros trágicos, amigos e inimigos, amores e desafetos. Netto recorda o exílio em Piedra Sola, Uruguai, depois da derrota dos farroupilhas; o convívio com os fantasmas do passado; a descoberta do amor, com Maria Escayola e a Guerra do Paraguai. Naquela noite, unidos por duras lembranças, revelações surpreendentes e um terrível segredo, os dois veteranos enfrentam o derradeiro desafio.

Comentários

Segundo o crítico José Lino Grünewald, não há autor em cinema, no mesmo sentido em que falamos do autor de uma pintura ou de um livro; o diretor cinematográfico é um administrador, a obra fílmica é sempre o resultado de um trabalho de equipe mesmo naquelas realizações em que os analistas identificam a forte personalidade de um cineasta (Ingmar Bergman, Robert Bresson: espíritos que, no cinema, mais se aproximariam da figura solitária do romancista; ainda aí José Lino contesta a tese do autor de cinema).

Em 1995 o ficcionista gaúcho Tabajara Ruas escreveu um de seus romances mais pessoais e bonitos, Netto perde sua alma. No livro podíamos identificar seqüências metafóricas belíssimas, cenas que pareciam extraídas de alguns quadros em câmara lenta de filmes de Sam Peckinpah ou Walter Hill. Por exemplo:

"(Como eram formosos os cavalos à luz da lua, e como eram formosos à luz da madrugada, como eram formosos quando a cerração do inverno cobriu os campos e expeliam pelas narinas fumaradas de vapor esbranquiçado, e como eram formosos ao crepúsculo do verão, vistos através da poeira avermelhada, e como eram formosos dando corridas e pulos e relinchos alegres num meio-dia de primavera.)"

Seis anos depois, na onda de adaptações literárias do atual cinema brasileiro (algumas já vistas, outras em fase de produção ou pré-produção), podemos ver como um escritor dirige um filme baseado em seu próprio livro. Netto perde sua alma (2001), co-dirigido por Ruas e Beto Souza, não deixa de surpreender pelo senso de cinema imposto (ou descoberto) por Ruas, um homem de letras; e, apesar dos achados de seu ritmo plástico, mostra claramente as diferenças entre a autoria na literatura e no cinema. A introspecção pessoal do livro é substituída por um esforço de filmagem de equipe no filme; Ruas, escritor mas também atento cinéfilo, revela sua aprendizagem: os planos abertos e as seqüências de batalha não são nada rígidas ou acadêmicas, expelem beleza e frescor, os travellings rápidos e flutuantes pelos corredores do hospital em que está o general Netto (o filme, como o livro, é um jogo de memória numa cama de doente) são inseridos no tempo e no espaço certos da narrativa. Netto perde sua alma está a exclamar como um escritor pode fazer um filme cinematográfico, em que suas origens literárias (alguma coisa dos diálogos e mais ainda os liames narrativos que deixam entrever uma certa estaticidade da montagem) são tão sutis que só um olho mais acurado pode perceber.

O Ruas diretor não é tão pessoal quanto o Ruas escritor; está bastante dependente de sua equipe e dos recursos com que conta. Mas sua segurança de direção surpreende. Contando com um desempenho admirável de Werner Schünemann no papel central, Ruas e Souza articulam corretamente todos os pontos da realização, da fotografia de Roberto Henkin à bonita faixa sonora, passando pela utilização dos movimentos de massa que nada ficam a dever ao bom cinema que os cineastas devem ter freqüentado muito para chegar a este belo filme. (Eron Fagundes)

Extras

- Sinopse: texto dispensável.

- Prêmios: lista de Prêmios recebidos até 2002.

- Diretores: textos básicos sobre Tabajara Ruas e Beto Souza, relativamente informativos.

- Elenco: idem sobre Werner Schunemann, Laura Schneider e Sirmar Antunes.

- Notas da Imprensa: textos extraídos de algumas críticas publicadas sobre o filme.

- Making Of: sem uma formatação definida, mostra cenas de bastidores e depoimentos realizados durante a filmagem. Interessante, com quase 13 minutos, informativos.Pena que alguns depoimentos são quase que inaudíveis.

- Trailer

- Clip: um apanhado de cenas, sem qualquer narração ou música. Não é um Vídeo Clipe. Com pouco mais de 5 minutos.

- Outros Títulos: capas de outros 6 títulos da distribuidora na época.

Críticas ao DVD

UM DVD básico no seu formato, mantendo o formato de tela dos cinema mas não ajudando muito ao mercado de TVs de formato semelhante, em wide. Há um encarte com a divisão de capítulos. O áudio, bom, mas em dois canais apenas. Os extras, sem grandes atrações. Um filme regional que aproveitou a carona do seriado da Globo “A Casa das Sete Mulheres”. E só. Mas vale para os aficionados pela história brasileira. Vale dar uma espiada e conhecer um pouco mais da cultura e dos atores gaúchos.

Menus
Resenha publicada em 26/02/2005
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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