OLGA

 

Com Camila Morgado, Caco Ciocler, Fernanda Montenegro, Osmar Prado, Eliane Giardini, Guilherme Weber, Luís Melo, Murilo Rosa, Werner Schünemann, Jandira Martini, Floriano Peixoto, Odilon Wagner

 

Diretor

Duração

Produção

Jayme Monjardim

140 minutos

2004, Brasil

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Romance

Europa Filmes

08/03/2005 (locação)

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
DISPONÍVEL APENAS PARA LOCAÇÃO
1/2
1/2
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Português (DD 5.1 e DD 2.0)
Inglês, Português
Sinopse

Olga Benario é uma judia alemã que abandona a família para se dedicar à militância política no partido comunista de seu país. Em meados da década de 30, enquanto estava na Rússia, recebe a missão de se passar por mulher do brasileiro Luis Carlos Prestes durante sua viagem de volta ao Brasil, onde entrará clandestinamente. Cada vez mais próximos, os dois acabam se apaixonando de verdade, e Olga decide ficar no Brasil ao lado de Prestes para ajudá-lo a derrubar a ditadura de Getúlio Vargas. Mas o plano não dá certo, e os dois acabam presos. Mesmo grávida, Olga é deportada para a Alemanha nazista e vai parar num campo de concentração.

Comentários

Certamente é o filme nacional mais esperado do ano. Perdi a conta das vezes que pessoas na rua me perguntaram se o filme era bom. Mas só fui assisti-lo na abertura do Festival de Gramado, onde foi muito aplaudido, mas acabou tendo péssimas críticas. Encontrei o Jaime Monjardim, que afirmou que iria me procurar para eu lhe dar, pessoal e posteriormente, uma crítica mais detalhada do filme. Até porque o conheço há muitos anos, desde o tempo em que era apenas o filho de Maysa. Mas se quisesse mesmo minha opinião, teria procurado antes do filme ficar pronto. Agora não adianta mais. Até porque Olga não é um projeto pessoal. Ele é apenas um diretor contratado, que foi chamado pela produtora e roteirista Rita Buzzar (mulher do ex-diretor Sérgio Toledo).

A seu favor podemos dizer que Olga é certamente o filme brasileiro mais bem produzido em todos os tempos. Tem extraordinária direção de arte, cenografia (toda feita no Brasil, num estúdio do Rio, onde fizeram as cenas de neve, que parece cair sem parar e sem provocar bafo quente nas pessoas). A fotografia é bastante cuidada. O problema maior é a escolha da trilha musical, que é certamente a pior que eu já ouvi num filme brasileiro recente. Invasiva, excessiva, enfatiza tudo da forma errada, sempre de forma retumbante e óbvia (foi feita pelo mesmo compositor das trilhas de telenovelas de Benedito Ruy Barbosa). Irrita e chega a tornar o filme difícil de tolerar.

Não há a menor dúvida que o diretor persiste na sua mania de filmar tudo em closes, por vezes redundantes (a ironia é que o filme talvez funcione melhor em DVD, em tela pequena). Não acho um grande problema ter cara de televisão, de seguir a narrativa no estilo global. O produtor sabia o que queria quando chamou Jaiminho. Os erros são outros. Estão já no roteiro (os diálogos são ruins, por vezes embaraçosos, o filme minimiza a figura de Luiz Carlos Pestes, chegando ao cúmulo de mostrá-lo costurando roupinhas, mas por outro lado não conta que mesmo com o ditador Getúlio Vargas matando Olga, Prestes o apoiará na eleição de 50!). O fato é que é muito difícil contar para um público contemporâneo o que seria um revolucionário fanático comunista. Engajado em luta armada, na revolução, ele sacrifica conscientemente sua vida pessoal e sua segurança pelo sonho utópico da Revolução. Assim, já na primeira cena, Olga aparece empunhando revólver e salvando um comunista de um julgamento. Mostra-se sempre fria e decidida (por isso, muito do que diz no navio não faz sentido, assim como seu comportamento quando se torna mãe; afinal, certamente houve um elemento de jogo, ao engravidar de pai brasileiro). Enfim, terrorista hoje mata gente e explode World Trade Center. É difícil simpatizar com gente que recebe o ouro de Moscou (Moscou financiava tudo e ditava ordens) para provocar revoluções, ainda que por ditas boas causas. Outro erro grave do filme é a decisão de falar português como se fosse a língua natural deles (assim, Olga não tem sotaque). Mas isso acaba provocando uma grande confusão (no Brasil, no grupo de revolucionários, o americano não tem sotaque, mas outros sim.

E quando ela faz discursos em Moscou falando português não poderiam incluir palavras em russo). Enfim, ficou uma salada. Quando vi A Casa das Sete Mulheres, Camila Morgado parecia uma opção interessante para o papel de Olga (para o qual chegou-se a pensar até em Meryl Streep). Mas ela não tem fôlego para sustentar um personagem tão difícil e complexo, talvez até por inexperiência. O fato é que não convence. Caco Ciocler chega próximo de Prestes (embora a preocupação parece ter sido querer deixá-lo de pequena estatura diante de Olga) sem o carisma do personagem. O resto do elenco é igualmente irregular (e inclui a santista Jandira Martini, fazendo bem uma colega de campo de concentração, em meio a outras figuras menos convincentes). O livro de não-ficção de Fernando Moraes foi um grande best-seller e é, pela própria natureza, muito melhor do que o filme. Não acredito que o público esteja sabendo direito do que se trata a história e é provável que, passada a promoção inicial (aliás, a campanha de lançamento da fita foi primorosa), se assustem com a história melodramática e trágica. Mas, no entanto, com pouca emoção.

Olga resulta frio apesar dos acordes bombásticos da trilha musical.

(Rubens Ewald Filho. Leia mais críticas e artigos de REF na coluna Clássicos)

 

 

Ao cineasta Jayme Monjardim não interessa muito compreender os caminhos de uma época em Olga (2004), filme extraído dum livro de Fernando Morais. O que se coloca como objetivo do realizador é desviar o foco da áspera discussão política para um melodrama que envolvesse os dois protagonistas e a filhinha recém-nascida deles: senão, a produção teria muitas dificuldades em recuperar os doze milhões de reais ali investidos; enfim, o cinema como investimento e nunca como uma hipotética arte.

Não deixa de ser constrangedor observar como Monjardim filma a trajetória de personagens como Prestes e Olga à semelhança daquela forma que o hollywoodiano diretor James Cameron utiliza para rodar seu Titanic (1997): alguém pode apontar-me a diferença entre o que acontece aos náufragos apaixonados da fita de Cameron e as facilidades emocionais em que se dissolvem o Prestes e a Olga de Monjardim? As inquietações libertárias de Olga e Prestes são vítimas do naufrágio estético da mão do diretor que fez seu aprendizado na Rede Globo de Televisão.

Uma das declarações instrutivas de Monjardim revela veleidade estilística. Diz ele, sobre seu filme, que prefere planos fechados aos abertos, e isto, afirma ele, seria uma questão de estilo. De fato: os planos fechados do cinema de Monjardim nascem da preguiça televisiva, e, considerando a grandiloqüência duma produção cheia de artificiosos e nada críticos cenários de época, estes planos fechados incomodam. Não são os planos fechados opressivos e devastadores do sueco Ingmar Bergman; são planos fechados vazios e superficiais. Talvez Monjardim quisesse ser capaz de falar dos sentimentos de suas criaturas ao mesmo tempo em que esboçava o retrato de um tempo obscuro; mas falta-lhe o estofo do italiano Luchino Visconti, que sabia como ninguém situar o melodrama dentro duma régua histórica.

A atriz Camila Morgado, em desempenho de fato fascinante, em que personagem e intérprete se influenciam mutuamente, refaz as loucuras interpretativas de Marie Falconetti em A paixão de Joana d’Arc (1928), obra-prima do dinamarquês Carl Theodor Dreyer: daí alguns comentaristas terem equiparado o desenho de Olga por Camila a uma Joana d’Arc contemporânea. Enfim, Olga e Joana foram mulheres diferentes e marcantes, assim como a brasileira Anita Garibaldi, a quem Olga homenageia batizando sua filha de Anita.

Na verdade, o filme de Monjardim e eu não necessitamos um do outro; Olga não verá seu sucesso arranhado por estas desairosas linhas e eu prescindo dos golpes baixos de sua narrativa para seguir perseguindo certas idéias de cinema que teimam em esvoaçar ao redor de meu cérebro.

(Eron Fagundes. Leia mais críticas do colunista em Cinemania)

Extras

- Ficha Técnica: com os principais nomes da realização do filme, em 3 telas de textos.

- Diretor: 6 paginas de texto, com uma biografia integrada com alguns depoimentos sobre o filme.

- Produção: o mesmo tipo de conteúdo do extra anterior, desta vez com 8 páginas sobre Rita Buzzar, também roteirista do filme.

- Elenco: textos básicos com as biografias e qual os papéis e envolvimento dos atores com o filme de Camila Morgado, Caco Ciocler, Fernanda Montenegro, Osmar Prado, Werner Schünemann, Jandira Martini, Floriano Peixoto e Guilherme Weber.

- Making Of: um bem realizado documentário, com muitas entrevistas (de atores, equipe técnica e de Fernando Moraes, o autor do livro), cenas de bastidores, do filme. Boas curiosidades nos seus quase 24 minutos.

- Trailer

- Outros Títulos: trailers de outros lançamentos da distribuidora, legendados: “A Sétima Vítima”, “O Grito” e “Spartan”.

Críticas ao DVD

Um filme importante, que foi o indicado brasileiro à participar do Oscar® de 2005, mas que não acabou sendo o escolhido entre os 5 finalistas. Tem uma ótima qualidade de imagem e som no DVD, mas peca por ter “cortado” as laterais do filme (quase 40% da imagem), ou seja, está em formato Standard e não em Wide (o exibido nos cinemas). Num filme onde a fotografia se destaca, passa a ser uma falha grave. Acho que com tantos anos de divulgação do formato Wide em DVD, o grande público já deve estar acostumado com ele e saber da falta que este corte na imagem faz. Os menus são bem simples, os extras apenas medianos. Poderia ter cenas cortadas, maiores informações históricas, enfim, faltou “algo”. Não notei nenhuma falta de informação na embalagem, contendo inclusive a divisão de capítulos (15). Mas como o filme foi um grande sucesso de bilheteria nos cinemas, não devemos de forma alguma deixar de dizer que é um importante lançamento em DVD de uma boa produção do cinema brasileiro. Veja, alugue. E compre. Mesmo com os defeitos, não deixa de ser um item interessante para qualquer cinéfilo que quer ter bons filmes em sua DVDteca. Mas, principalmente, leia o livro. Em DVD, o filme deverá ter uma importância ainda maior, como fonte de pesquisa e conteúdo histórico. Mais do que nos cinemas.

Menus
Resenha publicada em 10/03/2005
Por REF e Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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