Com
entrevistas de: José Saramago, Wim Wenders, Hemerto
Pascoal, Olivers Sachs, Evgen Bavcar
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João Jardim e
Walter Carvalho
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73 minutos
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06/2003 (locação)
10/12/2003 (venda direta)
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Sinopse
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O
premiado Janela da Alma apresenta dezenove pessoas
com diferentes graus de deficiência visual
- da discreta à cegueira total - que narram
como se vêem, como vêem os outros e como
percebem o mundo. Celebridades
como o prêmio Nobel José Saramago,
o músico Hermeto Pashoal, o diretor Wim Wenders,
o fotógrafo cego esloveno Evgen bavcar e o
Neurologista Oliver Sachs fazem revelações
pessoais e inesperadas sobre vários aspectos
relativos à visão: o funcionamento
fisiológico do olho, o uso de óculos
e suas implicações sobre a personalidade,
o significado de ver ou não ver em um mundo
saturado de imagens, e também a importância
das emoções como elemento transformador
da realidade.
Janela
da Alma resulta em uma reflexão emocionada
sobre o ato de "ver" - ou não ver
- o mundo.
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Comentários
Sobre o Filme
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Ao
voltar sua análise cinematográfica para a questão
da visão (os entrevistados são pessoas que apresentam
em diferenciados graus deficiência visual), os
realizadores brasileiros João Jardim e Walter Carvalho
transformaram seu documentário Janela da alma (2002)
numa reflexão sobre a ontologia do cinema. Se o
cinema é imagem, deveremos perguntar-nos que imagem é cinema;
se somos bombardeados hoje por tantas imagens vazias,
devemos questionar se o cinema pode selecioná-las
de maneira que nos ofereça um sentido crítico da
imagem -ou, como quer Hollywood, isto não é possível,
mergulhamos em tantas imagens para chegarmos à cegueira, à ausência
de visão crítica, luminosidade embaçada.
Jardim
e Carvalho realizam um rigoroso e brilhante documentário
de entrevistas. Não à maneira do cinema de conversa
de Eduardo Coutinho, pois as pessoas em cena são
bem outras. Se o povo ocupa os espaços de Coutinho,
são pensadores (cineastas, cientistas, poetas,
fotógrafos) quem preenche os quadros do filme analisado
neste comentário. Isto gera uma diferença de estrutura:
em Coutinho a linguagem visual é mais solta, embora
também rigorosa em sua essência; no filme de Jardim
e Carvalho há uma construção dramática mais compactada,
livre e criativa é certo mas não tão espontânea
em sua aparência como em Coutinho. A diferença é sutil
aqui no papel, pois conceitos como rigor e aparência
e essência são de difícil execução na prática cinematográfica,
mas torna-se evidente quando vemos, lado a lado, Santo
forte (1999), de Coutinho, e este Janela
da alma.
Apesar
de sua estrutura narrativa fechada, Janela da
alma tem um lado capaz de comunicar-se bem
até com o espectador menos informado com as coisas
do cinema. Aquela seqüência do vereador mineiro
cego e seus filhos é de fácil percepção pela platéia
em geral. Já outras, como as intervenções de Agnes
Warda contando como filmou amorosamente seu marido
Jacques Demy vestindo um suéter num documentário
pouco antes dele morrer (a forma como ela, diretora
de cinema muito hábil, desviou o foco da imagem
duma estrela então em seu esplendor, Catherine
Deneuve na força de seus vinte e quatro anos, para
o que mais lhe interessava afetivamente como documentarista,
a vaidade de seu amado vestindo o suéter), só podem
ser apreciadas em toda a sua extensão por quem
acompanhou as carreiras de Warda e Demy, dois dos
maiores realizadores franceses dos anos 60. Igualmente
a aparição da atriz Hanna Schygulla, bastante envelhecida,
diz mais aos que a viram bela em filmes alemães
dos anos 70 e 80, especialmente sob a batuta de
seu falecido marido, o cineasta Rainer Werner Fassbinder. É curioso
observar as coincidências entre os depoimentos
de Wim Wenders, cineasta alemão, (o excesso de
imagens não é bom), e José Saramago, escritor português,
(estamos na caverna de Platão e chegamos à cegueira
por termos à disposição imagens demais; Saramago é autor
do maravilhoso romance Ensaio sobre a cegueira,
1995).
Em
suma, um documentário da linha de frente do cinema
brasileiro.
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Português
(DD 2.0)
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Inglês e Francês
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NÃO ANAMÓRFICO: LETTERBOX 4 x:3
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Extras
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Novos Depoimentos: estes materiais mostram
bem o “pra
que servem os extras”. Sem precisar fazer uma
reedição do filme, pode nos trazer um
complemento através de novos depoimentos, muito
ricos, de Arnaldo Godoy (2 minutos e 5 segundos), José Saramago
(8m50s), Hermeto Pascoal (6m5s), Manoel de Barros (2m35s),
Marieta Severo (3m10s) e Wim Wenders (6m15s, devidamente
legendado)
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Novos Entrevistados: idem, com dois importantes
depoimentos que não entraram na edição do filme, de
Fayga Ostrower (9m15s) e Luiz Alberto Oliveira (5m40).
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Biografias dos Entrevistados: um oportuno texto sobre
cada um dos 18 entrevistados no documentário e nos
extras.
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Biografias dos Diretores: 5 páginas de texto -
Prêmios: 1 página de texto
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Críticas: 16 páginas
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Ficha Técnica: 5 páginas
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Trailer do Filme (2m40s) (Edinho Pasquale)
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Críticas
ao DVD
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O
DVD está praticamente perfeito, excetuando-se
o fato de estar em Letterbox (antes assim do que
adaptado...) e áudio em 2 canais. Neste caso,
não seria necessário um áudio em mais
canais. E a qualidade de ambos, imagem e som, está ótima.
Há legendas em português nos depoimentos
em outros idiomas.
Os
menus são discretos, não há o
porquê serem diferentes, os extras realmente
complementam o estilo e a abordagem do filme. Não
há muito mais o que mostrar. O próprio
documentário “fala” por si. Imperdível,
pra quem gosta do gênero. Se você está procurando
por algo diferente e interessante, experimente. Vale à pena.
Este
DVD foi gentilmente cedido pela Europa Filmes.
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Menus
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Resenha
publicada em 30/10/2003 |
Por
Eron Fagundes e Edinho Pasquale
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Seu comentário
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