PELÉ ETERNO

 

 

Diretor

Duração

Produção

Anibal Massaiani Neto

121 minutos

2004

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Documentário

Universal

29/09/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Português (DD 5.1, DD 2.0)
Português

Sinopse

Muitos o chamam de gênio, um craque que cravou nos corações do mundo diversos gols, lições de humanidade e principalmente, orgulho de ser quem ele era. Seu nome: Pelé. Grife mundial de paixão e emoção. Acompanhe a história do maior atleta do milênio, Rei incontestável do Futebol, tricampeão mundial, bicampeão do mundial interclubes pelo Santos Futebol Clube, decacampeão paulista, também pelo Santos Futebol Clube. Reveja e comemore os gols consagrados, os lances inesquecíveis e a recriação de dois gols antológicos do único esportista a parar uma guerra. Pelé Eterno: o vídeo do século!

Comentários

Como bom santista de nascimento e time, cresci assistindo aos jogos do Santos Futebol Clube, sem ter a menor idéia de que estava vivendo um momento privilegiado, os anos de apogeu do Pelé. Na verdade, na época já tinha consciência que não apenas ele era excepcional, mas todo o time, que formava um conjunto perfeito e, a meu ver, nunca igualado. O problema é que me acostumou mal. Fui testemunha de momentos de tanta perfeição que hoje me aborreço em ver esses pernas de pau. Foi o Camelot do futebol, um momento brilhante que parece nunca mais irá se repetir e que está guardado em algum lugar de minha memória. Por isso, minha maior emoção ao assistir Pelé Eterno foi o choque de me dar conta de que eu estava lá, de que aquilo que parece fantástico sucedeu de fato. Que a lenda Pelé não é exagero ou fantasia. Finalmente temos a prova concreta. Assisti ao filme em circunstâncias especiais. O próprio Pelé me mandou chamar para ver o copião e dar palpite. Nos conhecíamos mal, principalmente por sermos de Santos, uma afinidade que não se perde nunca. Além disso, sou amigo do produtor e realizador Aníbal Massaini Neto e testemunha do esforço que ele teve nos últimos cinco anos, pesquisando, restaurando, alinhavando o documentário. Vi ainda sem a trilha musical definitiva, nem o narrador (papel assumido por Fúlvio Stefanini), sentado numa sala com poucos amigos (seguido por jantar que o próprio Edison fez questão de servir. Aliás, o mais difícil é se acostumar com Pelé se referindo ao jogador na terceira pessoa. Um alter-ego que está lá na tela. E que não é o Edison). Embora aquela fosse a chance que teria de brilhar dando sugestões e idéias originais, gostei do resultado. Achei que o filme estava no caminho certo, abordava todos os tópicos necessários (Xuxa é mencionada numa foto sem se dizer o nome). Gostei da estrutura, das opções e do resultado. Mas pela primeira vez me senti como os comentaristas de futebol, que devem entrar em conflito cada vez que transmitem um jogo de seu time. Ficou difícil separar o pessoal do profissional. É claro que foi para mim, e acredito para muita gente, uma viagem sentimental a um passado mítico (quase todos os lances clássicos estão lá de alguma forma, nem que seja reproduzidos por computação gráfica, quando não havia registros).

Pelé era realmente um jogador especial e o filme retrata isso fielmente. Parece ser o documento que, não só o Brasil mas, o mundo inteiro, estava esperando (já testemunhei fora e a popularidade dele, que ainda é inigualável). O sucesso que terá nos cinemas não é nada comparado com a vida que virá mais tarde em Home-video e DVD. Qualquer fã de futebol no mundo deseja ter em sua casa, disponível, este testemunho de que o Atleta do Século não era mentira. E que não acabou drogado se escondendo em sanatórios. A lenda está viva e merece respeito. (Rubens Ewald Filho. Leia mais críticas e artigos de REF na coluna Clássicos)

 

Assim como ocorre em Cazuza, o tempo não pára (2004), de Sandra Werneck e Walter Carvalho, o documentário Pelé eterno (2004), dirigido por Aníbal Massaini Neto, produtor de alguns filmes de Walter Hugo Khouri, sobrevive durante seu espaço de projeção graças ao brilho de sua personagem central. O interesse do espectador vai depender exclusivamente de sua afinidade com o tema proposto: a revolução musical e sexual brasileira dos anos 70 na realização de Sandra e Walter, a trajetória de um futebolista excepcional na película de Massaini. Para quem se interessa pelos assuntos, tanto Cazuza quanto Pelé foram ícones de várias gerações; para muita gente é impossível ouvir falar deles sem se emocionar, e é com este trunfo que tais filmes contam.

Para as gerações de hoje, Pelé é uma lenda mítica, talvez uma irrealidade. Mas um documentário como Pelé eterno serve para lembrar que tudo aquilo de fato aconteceu; nossa memória evoca certas coisas que parecem nebulosa poética de tão mágica, porém, como observa o santista Rubens Ewald Filho, as coisas se passaram mesmo assim, pois ele, Ewald, estava lá e foi testemunha. Pelé eterno reforça o testemunho do crítico de cinema apaixonado por futebol.

De minha parte, a Copa do Mundo de Futebol de 1970 foi o Pelé mais concreto a que pude assistir, num obscuro bar do interior gaúcho que me oferecia as primeiras imagens televisivas ao vivo do esporte bretão. Ao ver (ou rever) o milésimo gol de Pelé em que a vítima foi o vilão Andrada, goleiro vascaíno, revoquei comigo as narrativas radiofônicas que, então menino, ouvi do Maracanã. Um dos gols de Pelé próximo do mil foi em Porto Alegre, num jogo contra o Grêmio; senti inveja dum colega de aula, mais abonado financeiramente, que naquele fim dos anos 60 se deslocou para a capital para ver Pelé jogar. Enfim, Pelé eterno, como Cazuza, o tempo não pára, vale muito pelas imagens que estão fora do filme, as coisas pessoais que determinada cena traz à tona; em Cazuza podemos pensar numa namorada maluquinha que tivemos, e que ali, naquela alegria louca, poderíamos ter pegado AIDS; em Pelé eterno queremos saber onde estávamos quando Pelé realizou este ou aquele lance.

Para o observador atento, Pelé eterno traz uma desmistificação: como escreveu um dia destes Paulo Roberto Falcão, ao contrário do que muitos das gerações atuais pensam, Pelé se destacaria mesmo no feroz futebol de hoje, mais ainda por ser feito (o futebol de hoje) por pernas-de-pau; observando bem, nota-se que as jogadas de Pelé, que sobressaem evidentemente por uma habilidade raríssima, não escondem dois outros elementos, força e velocidade, os quais passariam a desempenhar papel fundamental no futebol a partir da Copa do Mundo da Inglaterra em 1966.

Todos sabemos que Pelé eterno é excessivamente hagiográfico. E não repugna a seu texto (mesmo assinado por alguém tão criativo quanto Armando Nogueira) eivar-se de lugares-comuns. Mas que importa o pouco engenho cinematográfico de Massaini se a emoção do futebol de Pelé é irresistível? (Eron Fagundes. Leia mais críticas do colunista em Cinemania)

Extras

- Making Of: um “documentário sobre o documentário” muito bem realizado, onde são colocados todos os aspectos técnicos do filme, como foi restaurar imagens e áudio, cenas de bastidores, depoimentos de jornalistas e jogadores, além do próprio diretor Massaini e do Rei e sua família. E como foi feito o famoso gol da rua Javari, por computação gráfica. Tem até depoimentos realizados na pré-estréia do filme. 19 minutos bem interessantes.

- Como Tudo Começou: mais um outro pequeno documentário com quase 9 minutos contando através de depoimentos e imagens a história do Pelé até se tornar jogador de futebol.

- Pelé Eterno por Orlando Duarte e Fiori Gigliotti: uma excelente idéia, bem além de apenas uma trilha de áudio com comentários dos dois importantes jornalistas que acompanharam a carreira de Pelé. Os depoimentos podem ser ligados à imagens do próprio filme, permitindo um maior detalhamento de momentos especiais, através de uma legenda que aparece no meio da conversa. Há a possibilidade de se assistir apenas aos depoimentos, que tem, sem se integrar ao filme, 35 minutos.

- Exposição: clipe mostrando o evento comemorativo acontecido no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2002, uma galeria de fotos, imagens e objetos. 2min14s.

Críticas ao DVD

O documentário foi até que pouco visto no cinema, segundo seus realizadores (leia na entrevista coletiva do lançamento do DVD). É óbvio o porquê: todos que gostam de esporte, especialmente futebol, querem ter em casa um verdadeiro “show de bola”. Muito bem realizado tecnicamente, seguindo as regras de um ótimo produto: formato de tela original de cinema (wide) com boa qualidade (otimizada para quem tem TV neste formato), áudio muito bom (em ambas as opções, 2 ou 5.1 canais), menus musicados e animados, extras de ótima qualidade e bem adequados ao documentário. Quase uma aula de como se fazer um DVD. A obra sobre o Rei tem a mesma majestade, apara a inveja de muitas produções hollywoodianas. Que o diga Maradona. Será que ele consegue sobreviver depois de assistir ao DVD? Que me desculpem os amigos do sul do continente... Se você tem mais de 40 anos e viu o Pelé jogar, é obrigatório. Se tem menos, mais ainda.

Menus
Resenha publicada em 15/10/2004
Por REF, Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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