Com Jude Law, Marisa Tomei, Susan Saradon, Jane Krakowski, Nia Long, Omar Epps, Sienna Miller

Alfie (Jude Law) é um playboy que não perde tempo quando o assunto é mulher. Disposto a conquistar todas as damas que cruzarem seu caminho, ele é o tipo de solteiro convicto que acredita que a vida existe apenas para ser desfrutada. Porém, seus atos inconseqüentes começam a magoar pessoas inocentes e aí Alfie deve enxergar algo além de conquistas fugazes que coleciona. E claro, tudo com muito humor! Co-estrelado por Susan Sarandon e Marisa Tomei.

Nunca é boa idéia re-filmar um clássico. Mas não é o caso desta nova versão do pouco conhecido Como Conquistar as Mulheres (Alfie de 66 direção de Lewis Gilbert, com Michael Caine e Shelley Winters), que chegou a dar uma indicação ao Oscar para o ator (não disponível em DVD no Brasil). O original era famoso por seu cinismo em relação às mulheres, por algumas ousadias para a época (como mencionar aborto) e principalmente pela técnica bem rara então, de fazer seu protagonista Alfie falar para a câmera, dirigindo-se diretamente para o espectador. Havia também um componente social importante, já que o herói era um cockney (ou seja, um britânico pobre que falava com sotaque) acentuando o lado de luta de classes que se perde inteiramente aqui, onde tudo está recoberto pelo glamour hollywoodiano. Na verdade de clássico mesmo só tinha a musica-tema de Burt Bacharach (que o filme destaca mesmo antes do pré-letreiros e depois nos créditos finais).

A canção também havia sido indicada ao Oscar assim como o roteiro adaptado (de peça de Bill Naughton), coadjuvante Vivien Merchant e curiosamente de melhor filme!). Quem agora faz Alfie é o galã do momento, votado o Homem mais Sexy do Mundo (revista People), o inglês Jude Law. E aí começa o problema. O moço é bonito demais, bom ator ainda por cima (dá ao personagem um tom mimado). Impossível qualquer homem se identificar com ele, Ao contrário, se fica até com inveja. E má vontade (chega-se a pensar: será que ele não está desmunhecando demais?).

Enfim, não parece boa idéia transpor Alfie para a Nova York da atualidade, onde seu comportamento de inveterado conquistador com medo de se comprometer, não tem maior novidade. É difícil acreditar que com o salário de motorista ele pudesse ter uma vida tão luxuosa, vestir-se tão bem e transar na alta roda. Mas são coisas do cinema. Na história, ele é um bon vivant (fala sua: eu subscrevo a filosofia européia de vida: vinho, mulheres e... bem, isso já basta). Tem uma relação mais ou menos fixa com Marisa Tomei (por causa do filho pequeno dela a quem se afeiçoou), mas isso não impede que transe com a namorada do melhor amigo, uma bela negra (que ficou grávida dele). Seu caso mais longo é com uma loira bi-polar (Sienna Miller, atual namorada de Jude que teria provocado seu divórcio) e o mais interessante com uma milionária cinquentona (Susan Sarandon). Apesar de tudo isso, a refilmagem resultou banal, irregular e desnecessária. Pode agradar ao público feminino simplesmente porque Jude é o astro do momento (está em seis filmes este ano) e um colírio para os olhos delas. (Rubens Ewald Filho, em 20 de dezembro de 2004 na coluna Clássicos)

- Comentários do Roteirista/Diretor Charles Shyer e do Editor Padraic McKinley: devidamente legendado, com informações bem interessantes e curiosas sobre a edição geral do filme.

- Comentários do Roteirista/Diretor Charles Shyer e da Autora/Produtora Elaine Pope: idem ao anterior, onde o enfoque é o roteiro.

- A Mesa Redonda de Alfie: um extra diferente, um bate-papo com a equipe técnica do filme, bem informativo nos seus 16 minutos, onde se dicute vários temas, inclusive o filme original.

- O Mundo de Alfie: um mini-documentário (featurette) de 10 minutos e meio explorando o tema “o personagem Alfie”, ou seja como ele deveria ser, seus pensamentos, atitudes etc., com várias informações curiosas, bem editadas, com cenas de bastidores e depoimentos, além de uma boa comparação com o personagem do filme de 1966.

- As Mulheres de Alfie: segue a linha anterior, com 12 minutos desta vez, mas enfocando e comparando as mulheres de Alfie nas duas versões, a original de 66 e a deste remake, com muitas cenas de bastidores, ensaios etc.

- Análise de uma Cena: ótima depuração da cena em que Alfie se apresenta em Manhattan, com depoimento interessante do editor do filme. Diferente e muito bacana.

- A Dança de Gedde Watanabe com Comentários do Roteirista/Diretor Charles Shyer e da Autora/Produtora Elaine Pope: uma cena bem divertida com os comentários pertinentes, onde é mostrado que um improviso pode ser bem legal. Com 2 minutos.

- Deixe a Música Entrar: mais um featurette, desta vez com 12 minutos e meio cujo enfoque é a ótima trilha sonora de Mick Jagger numa dupla com Dave Stewart, dos Eurythmics. Uma química perfeita num dos pontos fortes do filme. Cenas das gravações com depoimentos ilustram este ótimo extra.

- Cenas Inéditas: 8 cenas, algumas tem um interesse especial. Devidamente separadas com a possibilidade de se assistir a todas em uma única seqüência, em ambos os casos ainda com ou sem os comentários do Diretor e do Editor, com boas informações sobre o porquê das exclusões.

- Galeria do Roteiro: dividido em 6 temas, mostra telas ilustradas com pedaços do roteiro original com comentários manuscritos.

- Galeria de Produção: 21 telas com imagens bem legais sobre o tema, para quem gosta de cenografia e arquitetura.

- Galeria do Storyboard: novamente telas com imagens bem bacanas divididas em 6 temas sobre a concepção em desenho da pré-produção do filme. Quem sabe uma comparação das imagens dos desenhos com as cenas prontas não ficariam melhor demonstradas. Mesmo assim, interessantes para quem aprecia esta parte da produção de um filme.

-Trailer de Cinema. O único extra sem legendas.

Uau! O que falar sobre um DVD tecnicamente brilhante? Defeitos até podemos apontar, mas irrelevantes. Áudio perfeito no idioma original, envolvente nos seus 5.1 canais, além da dublagem no nosso idioma respeitando esta divisão de canais. Imagem fiel a exibida nos cinema, otimizada para quem TV em Wide (um opção interessante seria a da edição americana, com a possibilidade de escolha do formato de tela, com duas opções de compra). Menus animados, nos dois idiomas, extras extremamente interessantes e complementares ao filme. E legendados (tá, o trailer não tem legendas, mas até que não faz falta). Tem de tudo um pouco, para agradar aos gregos e troianos. Só faltou um filme com mais qualidade, ou seja, um belo exemplo de DVD num filme mediano. Bom até para quem não assistiu ao original, ou seja, a grande maioria. Com ótima trilha sonora, um filme a ser descoberto nas locadoras e até realmente colecionável, como diz a correta embalagem.