AS AMIGAS (Le Amiche)

 

Com Franco fabrizi, Valentina Cortese, Eleonora Drago, Gabriele Ferzeti

 

Diretor

Duração

Produção

Michelangelo Antonioni

104 minutos

1955, Itália

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Clássico

Versátil

09/08/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 1.0)
Português
Sinopse

Na cidade de Turim, acompanhamos as aventuras e desilusões amorosas de cinco amigas: Clélia, Rossetta, Momina, Nene e Mariella. Por meio de seus relacionamentos, Antonioni reflete sobre a sociedade italiana dos anos 50, revelando seus preconceitos, códigos e dilemas. Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza, As Amigas é um filme de beleza rara, que precisa ser redescoberto pelos cinéfilos que apreciam a grande fase do cinema italiano.

Comentários

As amigas (Le amiche; 1955) pertence à primeira fase da filmografia do italiano Michelangelo Antonioni, antes da revolução trazida pela trilogia de incomunicabilidade (A aventura, 1959; A noite, 1960; O eclipse; 1961). Mas é certamente um dos mais filmes profundos do cineasta, o que é algo supremo para um diretor que pautou toda sua obra por uma profundidade de que o cinema comercial habitualmente se afasta.

Há mesmo uma semelhança entre os planos iniciais de As amigas e aqueles que descortinam o universo tenso e sombrio de A noite: enquanto os créditos de abertura vão aparecendo na tela, a câmara executa um superplano aéreo da cidade de Turim, centro urbano que servirá de cenário para mais este mergulho de Antonioni nas questões do mundo burguês; se a ambientação de A noite se volta para a narrativa do tédio, cruel, misterioso e sem concessões, em As amigas Antonioni vale-se de Turim e sua industrialização para abrir as chagas da angústia humana. Aproveitando com propriedade o aburguesamento do cenário, Antonioni traça uma gênese do que se passa no espírito das pessoas para chegarem ao desespero: de um lado estão os seres frios e cínicos, como o pintor Lourenço e a velha modista-chefe que aparece ao fim do filme, criaturas que em sua incapacidade de amar agridem e se agridem; de outro estão aquelas mulheres sós (como diz o título da novela de Cesare Pavese, escritor italiano que sintomaticamente se suicidou por motivos sentimentais, que serviu de base para o roteiro de Antonioni), almas frágeis e nervosas que se apavoram ante a falta de amor.

Se em A noite o cineasta coloca na abertura a seqüência amarga da doença dum amigo do casal enfarado que protagoniza a trama e em O eclipse ele começa seu questionamento a partir do drama de Vitória que se separa do marido, As amigas não chega a iniciar-se com a dureza dos começos daqueles dois filmes. É verdade que tudo tem seu princípio na tentativa de suicídio de Rosetta, uma manequim rica e emocionalmente perturbada; ocorre, porém, que Antonioni não joga o episódio na aridez formal em que passou a conceber seu cinema a partir da trilogia da incomunicabilidade.

Cheio de preciosas anotações sobre o desespero humano, especialmente o feminino, As amigas tem uma construção cinematográfica final tão geometricamente preciosista quanto aquela de A noite em que Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau se retiram para um gramado onde vasculham suas dores. Em As amigas ocorre assim: Clélia retorna a Roma e, da janela do trem, despede-se de Carlo; a câmara enquadra o trem, Carlo está fora de cena, mas o ator se movimenta, preenche o plano cinematográfico, pára bem ao canto do magistral ângulo obtido pela câmara e depois cruza de novo, e com a mesma compassada lentidão, a mesma linha, retirando-se de cena enquanto no quadro que se apaga o letreiro anuncia o fim de tudo. Sensibilidade estético-arquitetônica de um gênio do cinema. (Eron Fagundes)

P.S.: As anotações acima foram extraídas de um texto que escrevi em 02 de agosto de 1981, quando eu contava com vinte e cinco anos, quase vinte e seis. Muito bom que o mercado de DVD esteja investindo no cinema de Antonioni; espero ansiosamente que lancem A Aventura, um Antonioni que este analista nunca teve a oportunidade de ver.

Extras

- Vida e Obra de Antonioni: bom texto com 23 páginas biográficas sobre o diretor, com sua filmografia.

- Sobre “As Amigas”: clipe com fotos do filme e um brevíssimo depoimento de Valentina Cortese. 34 segundos.

- Galeria de Pôsteres: vários pôsteres de 11 filmes de Antonioni.

- Biografias: fracos textos sobre os atores (Eleonora Rossi Drago, Gabrielle Ferzeti, Franco Fabrizi e Valentina Cortese), com suas filmografias selecionadas.

Críticas ao DVD

A imagem do filme está muito boa, bem digitalizada e mantendo o formato original da exibição no cinema (standart), o áudio apenas em italiano em 1 canal. Os menus estáticos são bem feitos, com cenas do filme. Os extras, como sempre, poucos e na sua maioria textos. As biografias desta vez estão bem fracas, há a rara cena com o depoimento (mas ela é cortada, parece fazer parte de um documentário maior ou até de seu trailer) e vários pôsteres que acabam compensando um pouco. É fato que é complicado se conseguir imagens do cinema italiano mais antigo. Mas vale ser visto, um Antonioni clássico.

Menus
Resenha publicada em 10/10/2004
Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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