DIÁRIOS DE MOTOCICLETA (The Motorcycle Diaries)

 

Com Gael García Bernal, Jean Pierre Noher, Rodrigo de la Serna, Ulises Dumont, Mia Maestro

 

Diretor

Duração

Produção

Walter Salles

126 minutos

2004, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama

Buena Vista

12/04/2005 (locação)

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Espanhol (DD 5.1), Português (DD 2.0)
Inglês, Português, Espanhol

Sinopse

Em 1952, o futuro líder da Revolução Cubana Che Guevara (Gael García Bernal) era um jovem estudante de medicina. Ele e seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de la Serna) viajam pela América do Sul em uma velha moto, que acaba quebrando depois de oito meses. Mas eles seguem em frente, arranjando caronas e fazendo longas caminhadas. Depois de passar por Machu Pichu, chegam a uma colônia de leprosos na Amazônia Peruana, onde começam a questionar o valor do progresso econômico, que privilegia apenas uma parte da população, deixando muitos em situação precária. A experiência na colônia foi decisiva para o surgimento das personalidades históricas que se tornariam alguns anos depois. Baseado nos diários de Alberto Granado e do homem que mais tarde se tornaria “El Che”.

Comentários

Este primeiro filme americano do brasileiro Walter Sallers (produzido por Robert Redford e falado em espanhol), é um road-movie com uma mensagem. Esta é uma estrada com algo a demonstrar, uma jornada através da América Latina, que procura nos convencer que somos latinos, que temos muito a ver com os parceiros de Continente. Mas duvido que muita gente fica convencida. Essa revelação serviu para o jovem doutor Ernesto Guevara no começo dos anos 50, que durante uma viagem de motocicleta da Patagônia até um hospital de leprosos na Amazônia, teve sua consciência despertada para os problemas sociais do continente, no que seria o começo - bem remoto - de sua consciência política e luta armada. A moto apelidada de A Poderosa é secundária, porque depois de meia hora ela se estropia e eles continuam a viagem a pé. Na verdade, se vê pouco do povo, da gente, e mesmo da paisagem para chegar a emocionar ou ter qualquer conclusão. Felizmente evitam qualquer discurso ou proselitismo. Nem mesmo de Che ele ainda é chamado. É apenas um jovem um pouco ingênuo, que não sabe mentir, que tem ideais e comete besteiras (como uma simbólica mas inútil travessia noturna do Rio Amazonas). Uma lição curiosa e bem contada, mas que nunca empolga, transcende ou ilumina.

Por acaso, eu li o livro há três anos atrás e não vejo porque todos ficaram tão apaixonados pelo projeto. Pouco acontece nele de interessante, aliás o roteiro do filme tenta torná-lo mais intenso mas ainda assim não encontram ninguém de interessante ou de conseqüência, a não ser participar de alguns bailinhos onde aprendem a dançar mambo ou tango. Melhor dizendo, não aprende. Tem uma namoradinha que o larga (uma cena tão discreta, o rompimento vem por carta, que chega a deixar dúvidas), algumas garotas com quem conversa. Mas o drama maior são eles andando e a moto quebrando. Não são perseguidos, não se vê nada especialmente turístico (fora Machu Pichu que na época ainda não era muito conhecido). E mesmo a generosidade com que trata os doentes no hospital fica no ar (pinta um conflito com a madre superiora que não é levado adiante).

Já que foi tão criticado por Abril Despedaçado, onde teve momentos de exuberância fotográfica, Waltinho desta vez opta pela simplicidade, rodando em Super 16 mm e evitando o mais estético. O que ele tem a favor é que está mexendo com um mito inatacável, ninguém pode ou irá falar mal de Che Guevara, ainda mais nesta encarnação juvenil, de boas intenções e poucas propostas (o mexicano Gael não compromete no papel, mas a melhor figura é mesmo o argentino Rodrigo de la Serna, principalmente porque pessoalmente é muito mais jovem. Aquilo que você na tela é composição mesmo de ator). (Rubens Ewald Filho)

 

Desde seu primeiro filme, o artificioso A grande arte (1991), o cineasta brasileiro Walter Salles Jr. optou por uma ousada e sempre perigosa internacionalização de filmar. O inglês de sua estréia cinematográfica é substituído pelo sotaque de Portugal em Terra estrangeira (1995), uma aventura européia em tempos de crise do cinema nacional.

Diários de motocicleta (2004), o novo trabalho de Salles Jr., é uma seqüência natural do norte cinematográfico do cineasta. Aqui a internacionalização é uma americanização de filmar; no lugar dos diálogos em inglês de sua película inicial, falas em espanhol.

Filme de estrada, Diários de motocicleta observa a possível unidade do continente americano a bordo duma velha motocicleta. O roteiro do filme é extraído de um dos muitos diários deixados por Ernesto Guevara de la Serna, guerrilheiro argentino cujo sonho de unificação das Américas se inspirava no de Simon Bolívar no século XIX. O realizador suíço Richard Dindo rodou em 1994 o documentário Che Guevara, o diário boliviano partindo igualmente de escritos da personagem. Salles foge à aridez da proposta de Dindo e busca a emoção mais fácil do público. Diários de motocicleta não chega a realizar-se plenamente como filme, mas supera bastante aquela beleza mecânica de Abril despedaçado (2001), a fita anterior de Salles Jr. A possível superficialização da narrativa topa aqui e ali elementos mais densos para expor um dos espíritos humanos mais inquietantes do século XX.

Muito ajudam na capacidade da realização de emocionar o espectador uma fotografia nuançada, uma faixa sonora articulada e, acima de tudo, a dupla de atores centrais. Gael Garcia Bernal e Rodrigo de la Serna (este, sobrinho em segundo grau de Ernesto Guevara de la Serna) emprestam garra e sutileza a duas criações cinematográficas complexas de verter em celulóide. (Eron Fagundes)

Extras

Há, no início do DVD, os trailers (que podem ser avançados) de “A Vila” (dublado), “Rei Arthur” (dublado), “Matadores de Velhinhas” (legendado) e “O Álamo” (dublado).

- 3 Cenas Inéditas: “Roubando Vino” (4 minutos), “Sobrevivendo ao Félix” (3 minutos) e “Ouvindo os Leprosos” (1 minuto e 15 segundos). Sem explicações do porquê da retirada de cada uma das cenas na edição final do filme, fica a critério de cada um se seriam importantes.

- Alberto Granado & Seqüência de Fotos: na verdade, um clipe com imagens atuais (do lançamento do DVD0) e depoimentos do companheiro de Guevara, com algumas interessantes imagens de fotos, com 3 minutos.

Críticas ao DVD

Um DVD para locação (se bem que a anunciada versão para a venda não tem diferenças, a mesma editada no México, mas com menos extras do que a dos EUA) com uma ótima qualidade de imagem, em que pese a dublagem em Português estar apenas em 2 canais. Mas como o idioma original é em Espanhol, não há grandes problemas, pelo contrário, para um filme latino a divisão de canais nos seus 5.1 canais está ótima, abrangente e utilizando bem todos os canais, na medida do necessário. A imagem original de cinema, em wide, realça bem a excelente fotografia.

Os menus, tímidos e estáticos, não comprometem. Mas não empolgam, assim como os parcos extras na versão latina. Será que teremos uma edição especial no futuro? Para os que apreciam um bom filme, quase brasileiro, e que não se importam com a ausência de extras, um bom e recomendado DVD. Claro que tem seu tema aparentemente político pode não agradar, mas releve e aprecie apenas um filme interessante. Você não se arrependerá, mesmo que seja apenas para locar e assistir apenas por uma vez. Mas se assitir duas, você poderá até incluir na sua DVDteca.

Ou, no mínimo, conheça a verdadeira versão da canção que venceu o Oscar®, interpretada pelo seu autor (Jorge Drexler) e não pela ridícula versão de Antonio Banderas, apresentada na cerimônia do prêmio.

Menus
Resenha publicada em 12/06/2005
Por REF e Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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