O ECLIPSE (L'Eclisse)

 

Com Alain Delon, Monica Vitti, Francisco Rabal

 

Diretor

Duração

Produção

Michelangelo Antonioni

126 minutos

1962, França

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Clássico

Versátil

12/05/2005

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 2.0)
Português

Sinopse

"Um dos filmes essenciais dos anos 60, O Eclipse é a última parte da célebre "trilogia da incomunicabilidade" do mestre Antonioni (A Noite). Esta obra-prima é apresentada em versão restaurada no formato widescreen anamórfico, e traz vários extras, incluindo entrevistas e especiais. Logo após terminar com o namorado, Vittoria (Monica Vitti) conhece Piero (Alain Delon), um jovem operador da bolsa de valores. Apaixonados, iniciam um conturbado romance pelas ruas de Roma. "

Comentários

O eclipse (L’eclisse; 1961) coroa a trilogia fundamental do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. Completando aquilo que ele começara a dizer em A aventura (1959) e seguira implacável por A noite (1960), o realizador altera a percepção cinematográfica da crise do homem do século XX diante dos impasses mal definidos dos relacionamentos pessoais. A questão homem-e-mulher em Antonioni adquiriu nos três filmes uma estatura diferente, um modelo que, apesar de ele antes já ter aprofundado seus temas em obras-primas como As amigas (1955) e O grito (1957), era desconhecido e secreto. No início de O eclipse planos e diálogos ríspidos e exasperantes revelam a insatisfação da protagonista ao contato com os rumos de sua relação com o amante; as preocupações, avanços e recuos das cenas iniciais entre Vitória e Ricardo não são tematicamente novas, novo é o olhar enviesado e marcadamente geométrico de Antonioni para o gesto humano circundado por um cenário característico. Antonioni é formalista; mas seu formalismo nunca é vazio: a profundidade está colada na forma. Em seus filmes da trilogia do vazio Antonioni depura o cinema que outro italiano, Roberto Rossellini, já apresentava a platéias perplexas e despreparadas no começo da década de 50 em Europa 51 (1952) e Viagem à Itália (1953).

Quem se dispuser a exercitar o olhar por seqüências ora de um, ora de outro filme da trilogia, parece que está assistindo a peças de uma mesma narrativa. A coerência destes filmes é seu coração estético. Em O eclipse a câmara persegue o caminhar e o rosto de Monica Vitti, mulher do cineasta; se você olhar em seguida um plano de Jeanne Moreau caminhando em A noite, terá a impressão de que são partes da mesma caminhada. Em O eclipse um ventilador gira mexendo as páginas de um livro; os planos de natureza do começo de A aventura poderiam imiscuir-se dialeticamente nas observações densamente urbanas de O eclipse.

É impressionante a plasticidade lenta e elaborada de O eclipse, talvez o mais abstrato dos filmes da trilogia; quando o espectador se dá conta, já se foi uma hora de filme sem nada, o tédio mesmo em cena, a balbúrdia nas cenas da Bolsa de Valores, as estéreis indecisões sentimentais de Vitória, a figura plana e árida de Piero (um jovem e escultural Alain Delon). A magia de Antonioni vem do conceito de expor impiedosamente, numa forma tão revolucionária quanto adequada, a falta de perspectivas da burguesia européia de então.

O senso do cenário é um dado de que Antonioni nunca abdica; o cenário em Antonioni é uma personagem da linguagem. O símbolo está ali e parece bastar-se por si mesmo. É pelo raciocínio do cenário que se explica a conclusão narrativa de O eclipse, talvez a mais engenhosa conclusão cinematográfica de uma obra de Antonioni, sempre maravilhoso nos finais de seus filmes. Senão vejamos. Depois do aparente ajuste de Piero e Virótia, Antonioni dispõe planos diversos que buscam significar a estética urbana da década de 60. Um plano fixo de um objeto, outro plano fixo e outro objeto, e assim por diante, algumas breves panorâmicas, um pequeno e curvo plano aéreo, tudo articulado para gerar o último plano do filme, a intensa luminosidade do eclipse que cega o espectador e liquida com a visibilidade do filme. De certa maneira, a insistência de planos da seqüência final vai pouco a pouco abstraindo o conteúdo dos planos para se converter numa forma pura, que é a raiz da novidade reflexiva de Antonioni.

Há um paradoxo em O eclipse, cujo véu se torna obscuro de desvendar (as coisas nunca são simples com Antonioni): quanto mais se enraíza num cinema literário e existencial, mais a forma de Antonioni documenta o mundo. É mais ou menos este paradoxo ontológico que torna o fim de O eclipse tão inquietante: vemos as imagens do olhar interior de Antonioni ao mesmo tempo em que estão ali significativas documentações da civilização moderna. (Eron Fagundes)

Extras

- Trilogia da Incomunicabilidade: trecho de um ótimo documentário disponível na sua totalidade em outro DVD do diretor, A Noite. Por que não ao menos repetir por inteiro aqui?

- Vida e Obra de Antonioni: boa biografia em telas com textos sobre o Diretor e sua filmografia.

- Uma Palavra do Diretor: duas telas com um texto de Antonioni dando um interessante depoimento sobre o flme.

- Biografias: dos atores Alain Delon e Mônica Vitti, em textos interessantes e suas filmografias selecionadas.

- O Eclipse em Cannes: 4 telas, a primeira com um cartaz quando da exibição do filme na Festival, seguido de mais 3 com textos sobre a repercussão dói filme.

Críticas ao DVD

Mais um clássico do históico cineasta italiano com uma edição bastante digna e importante. Tecnicamente na média da distribuidora, bem superior até com relação a filmes mais recentes. Menus estáticos, mas condizentes com o filme, extras na sua maioria com bons textos na ausência de mais materiais disponíveis de época. Mais um DVD para os cinéfilos e estudantes de cinema, além de quem tem a curiosidade de aprender um poucoi mais sobre a história do cinema europeu.

Menus
Resenha publicada em 22/06/2005 Por Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale

Seu comentário
 

Nome:

Autorizo a publicação.
  Email: Não autorizo.