Com Keisha Castle-Hughes, Rawiri Paratene, Vicky Haughton, Cliff Curtis

Pai é uma garota que nasceu numa comunidade onde a tradição é mais importante do que o amor. Sua mãe e seu irmão gêmeo morreram no parto e seu nascimento quebrou uma linhagem masculina de mais de 1000 anos do Cavaleiro da Baleia. Doze anos se passaram e agora Pai é responsabilizada pelos infortúnios da tribo. Tudo o que Pai quer é provar que é a verdadeira herdeira da tradição e se tornar a Cavaleira da Baleia.

Um filme delicado, diferente, que não é para qualquer público. Mas é inegável que seu roteiro, por vezes lento, nos vai levando até a curiosidade do que acontecerá com a menina renegada pelos costumes de uma tribo remota da Nova Zelândia. É interessante o aspecto dramático, a atriz Keisha Castle-Hughes vai ganhando força, simpatia, não foi à toa a sua indicação ao Oscar®. Talvez seja incompreensível para o grande público tamanha rigidez e padrão na cultura apresentada, mas ela não é única e, se observarmos, poderemos fazer vários paralelos até com a cultura “moderna” de cada um.

Um filme que vai cativando, levemente, muito também devido à sua ótima fotografia e competente direção, suave porém impondo personagens “fortes”. Bem, o roteiro acaba nos levando as mais diversas reflexões, como costumes, conflitos de gerações, liberdade, papel da mulher na sociedade e por aí vai... Mas vamos ficar apenas com a sutileza da lenda principal, baseada num livro homônimo de Sir Witi Ihimaera.

Seu final, o ápice do filme é muito bem realizado, até lá não sabemos o que de fato acontecerá. Um filme que merece ser descoberto, principalmente para as pessoas mais sensíveis e que gostam de conhecer lendas (seria perfeito para um filme de desenho da Disney...) de povos contemporâneos que lutam ainda por suas tradições, porém tentando se adaptar ao mundo atual. Isso me lembra várias lendas indígenas (ou até poulares) brasileiras. Por que não se realizar filmes como este baseado nas nossas estórias, de forma séria e competente? Nem só de violência vive a nossa cultura.

Há logo no início do DVD os trailers de “Geração Roubada”, “O Outro Lado da Cama” e “Osama”.

- Comentário da Diretora: serena, dá boas dicas sobre a estória e as diferenças entre o filme e sua adaptação para o cinema. Enfim, um complemento interessante para quem aprecia saber o que um diretor de cinema e roteirista pensa ao adaptar um livro para o cinema. Legendado.

- Cenas Excluídas: oito cenas, com a possibilidade de se assistir com o comentário da diretora e do editor sobre cada uma delas. Podem ser vistas de uma só vez.

- Construção da Canoa: pequeno documentário de 11 minutos explicando um dos elementos chave da cultura apresentada, sua construção, bastidores e depoimentos da equipe de produção e atores. um excelente complemento até para complementar a estória.

- Bastidores: ótimo making of, com 27 minutos, com ótimas entrevistas com os atores, produção, cenas de bastidores, do próprio filme, enfim, bem apropriado para este tipo de filme.

- Sinopse: texto em três páginas, explicando a estória.

- Elenco: biografias de Keisha Castle-Hughes e Cliff Curtis. Faltou a de Rawiri Paratene, pelo menos por curiosidade.

- Sobre a Diretora: breve biografia da diretora Niki Caro, em 3 páginas de texto. O suficiente, pois a diretora fez poucos filmes até então.

- Notas de Produção: algumas curiosidades sobre o filme, em 4 páginas de textos.

- Galeria de Fotos: aparentemente 28 fotos do próprio filme, com certeza nenhuma de bastidores.

- Trailer

- Futuros Lançamentos: trailers de “Um Certo Carro Azul”, “Possuída 2”, “Alienados do Espaço”, “Coisas Belas e Sujas”, “Adeus Lênin” e “Minha Vida Sem Mim”.

Todos os extras estão devidamente legendados ou em Português.

Um filme tocante, sensível, que vale pela curiosidade de não ser o típico filme-pipoca. Nada como aprendermos uma lenda e, ainda por cima, de maneira interessante e com bom elenco e direção. O único senão do DVD é, pra variar, o formato de tela, “adaptado” as TVs convencionais, ou seja, não respeitando o formato original dos cinemas, recorrente em quase todos os filmes das distribuidora. Num filme onde a fotografia é muito interessante, este é quase um “pecado”. Mas de resto, parabéns a LK-TEL/Imagens, pois o áudio está muito bom, em 5.1 canais no original, difícil para filmes “não comerciais” e devidamente dublado. Idem em relação aos menus, de bom gosto e ótimos extras, bem complementares ao filme e todos legendados (que sirva de exemplo as grandes distribuidoras, cujos trailers e comentários dificilmente são legendados). Um DVD imperdível, mesmo que seja apenas para a sua locação. BAsta ter sensibilidade para assisti-lo.