A ESTRADA DA VIDA (La Strada)

 

Com: Anthony Quinn, Giulietta Masina, Richard Basehart, Aldo Silvani

 

Diretor

Duração

Produção

Federico Fellini

100 minutos

1954, Itália

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Comédia

Versátil/Seleções

28/05/2003

Cotação:

Sinopse

Apresentado em versão totalmente restaurada e remasterizada, A Estrada da Vida chega pela primeira vez às lojas brasileiras. É, sem exageros, uma das obras-primas inesquecíveis do mestre Federico Fellini e um dos mais belos filmes da história do cinema. Giulietta Masina vive a ingênua Gelsomina, vendida por sua miserável mãe para o brutamontes Zampanò (Anthony Quinn em interpretação magistral), um artista que se apresenta arrebentando correntes. Gelsomina passa a ajudar Zampanò em suas exibições. A estrada da vida que percorrem guarda belas e trágicas surpresas para a dupla. Esta Edição Especial Limitada traz extras preciosos, incluindo Anthony Quinn, Reflexos de uma Vida, filme inédito sobre o grande ator, com depoimentos de várias personalidades do cinema.

Comentários Sobre o Filme

O cineasta italiano Federico Fellini está novamente em cartaz, para delícia de seus admiradores. Em 2002 chegou ao Brasil um documentário inédito de Fellini, Os palhaços (1970), que traduzia as relações entre o cinema místico do realizador e uma arte tão popular quanto o circo. Já está disponível em dvd o mais melancólico e arrasador trabalho do diretor, A doce vida (1960). A estrada da vida (La strada; 1954) reafirma as afinidades de Fellini com a linguagem do circo, com os palhaços, com os triviais artistas ambulantes (aliás, o sueco Ingmar Bergman, antes de se converter inteiramente ao intelectualismo escandinavo, afeiçoava-se a estes seres, como se evidencia num filme dessa época, Noites de circo, 1953): a personagem de Giulietta Masina, a patética Gelsomina, é a autêntica palhaça felliniana; pinta-se, dá pulos, tem tiradas ingênuas, diverte-se (e diverte) bobamente. Fellini trata esse universo menor com sua grandeza habitual, ainda na fase mais realista de sua obra.

Giulietta Masina, a intérprete exata e sensível de A estrada da vida, em que vive uma anedótica figura de garota de interior vendida na cena inicial, diante do mar, pela mãe a um rude apresentador mambembe de variedades (um característico Anthony Quinn), foi a prostituta Cabiria de As noites de Cabiria (1957), a burguesa assombrada com a infidelidade do marido em Julieta dos espíritos (1965) e a bailarina popular em Ginger e Fred (1985), todos seres primitivos conduzidos com mão de maestro por Fellini.

Se o mar assiste à desolada cena em que a personagem de Masina é negociada na abertura da fita, é o mesmo mar, aparentemente mais bravio ou sombrio ou furioso, que vai ver o desespero de culpa da criatura de Quinn, arrastando-se na areia depois de abandonar sua parceira e descobrir tempos depois que ela morreu sem eira nem beira: a rudeza da personagem se fragiliza.

As preocupações religiosas de Fellini, como italiano típico, já estão em A estrada da vida . O Jesus, que em A doce vida apareceria dependurado de um helicóptero, surge aqui no seio duma procissão. Procissão que retornaria em As noites da Cabiria. O encanto do par de A estrada com as freiras dum convento é outro instante de ironia cristã de Fellini. Nada que atinja o sarcasmo do desfile de moda eclesiástica de Roma de Fellini (1972).

Criador inigualável de tipos humanos, Fellini é desabusadamente superficial na comparação que se faz com as personagens do sueco Ingmar Bergman. Na literatura, poderíamos evocar as diferenças entre o francês Honoré de Balzac (o homem-tipo) e o russo Fiódor Dostoievski (o homem-abissal). Gelsomina pulsa duma humanidade a que nem sempre o cinema soube dar acesso. (por Eron Fagundes)

Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Italiano (DD 2.0)
Português
Extras

- Filme Anthony Quinn, Reflexos De Uma Vida: Exelente documentário sobre esse não menos fantástico ator, com cerca de 52 minutos, mostrando as várias feces de um homem que, desculpem o trocadilho, soube muito bem seguir "A Estrada da Vida". O filme foi realizado um pouco antes da sua morte, aos 86 anos. São abordados temas deliciosamente mostrados visualmente, entremeados com o depóimento do ator. Desntre estes temas, não percam o lado de artista plástico do ator (e, depois, alguns de seus conflitos por isso), sua ligação com um dos maiores arquitetos, Frank Lloyd Wright, a cena em que ele fala sobre o trabalho de alguns diretores e a tocante parte onde se mostra a sua família. Imperdível.

- Os Desenhos de Fellini: 27 desenhos do mestre Felinni, de personagens de vários de seus filmes e de seus amigos. Finalmente uma galeria de arte em um DVD.

- Giulietta Fala de Federico: transcrição de alguma entrevista ou depoimento da eterna companheira, vale a pena ser lido, tem 12 páginas, pena que em texto. Faltou dizer a fonte.

- Críticas: dispensáveis 5 páginas com algumas críticas sobre o filme.

- Filmografias: de Fellini, de Quinn, de Giulietta e do eterno parceiro musical Nino Rota, bem completas.

- Os Prêmios de Fellini: 3 páginas mostrando alista de prêmios do diretor. (por Edinho Pasquale)

Críticas ao DVD

A Versátil tem se especializado no lançamento de grandes obras clássicas, principalmente do cinema italiano. E tem feito um grande trabalho, como este. Nos traz um dos melhores filmes de Fellini, com uma qualidade bastante boa de imagem (milagres são impossíveis de serem feitos, apesar da restauração claro que há pequenos problemas de imagem, mas extremamente aceitáveis, pois não foram problemas de autoração e sim "da idade" da obra) e som original em italiano de boa qualidade.

Os menus são simples, estáticos, mas de bom gosto. Os extras, muito bons (claro que sempre queremos mais, mas só o documentário de Quinn já vale, além da galeria de desenhos de Felinni). Há uma surpresa escondida no menu principal, mas é apenas pra família da distribuidora se divertir, pois nada mais é do que novamente os créditos do DVD, atmbém apresentados como extras.

A embalagem está muito boa, se utilizando do cartaz da época, com bom gosto e envolvida numa luva, com todas as informações corretas sobre o DVD.

Enfim, um DVD clássico, essencial. Mesmo para os que não sabem o que é cinema de verdade. (Edinho Pasquale)

(Este DVD Foi gentilmente cedido pela Versátil)

Menus
Resenha publicada em 17/06/2003
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale   

 



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